Um estudo clínico liderado por pesquisadores do Instituto Nacional deSaúde dos EUA encontrou na Ásia uma nova doença que ataca o sistema de defesa do corpo e tem sintomas parecidos com os da Aids.
Os resultados dotrabalho estão publicados na edição online da revista "New England Journal of Medicine" desta quinta-feira (23). As causas do problema ainda são desconhecidas, mas parecem ser adquiridas e crônicas, e não transmitidas de pessoa para pessoa – ao contrário do vírus HIV, cujo contágio ocorre por contato com fluidos corporais como sangue e sêmen.
Os cientistas avaliaram 203 pessoas entre 18 e 78 anos, na Tailândia e em Taiwan, onde se concentra a maioria dos casos desde 2004. Os voluntários – todos soronegativos, ou seja, sem o vírus do HIV – foram divididos em cinco grupos, entre saudáveis (48) e com diferentes tipos de infecção (155). Houve predominância de uma bactéria chamada micobactéria não tuberculosa, parente próximo dos micro-organismos que causam tuberculose e doença pulmonar grave.
Os autores, liderados por Sarah Browne e Burbelo Pedro, analisaram o sangue dos participantes e chegaram à conclusão de que essa deficiência imunológica, que favorece o aparecimento de doenças oportunistas, pode ter sido provocada por anticorpos (proteínas de defesa) que atacam uma molécula chamada interferon-gama (IFN-gama), responsável por eliminar infecções.
Do total de pessoas com infecções, 88% tinham os anticorpos – chamados de "autoanticorpos" – que bloqueavam a ação dessa molécula e tornavam os indivíduos mais propensos ao ataque de bactérias, vírus, fungos e parasistas.
Recentemente, pesquisadores do Sudeste Asiático relataram vários casos de micobacterioses em pessoas – que vivem no continente e também no exterior – sem problemas de imunidade conhecidos. Isso requer, na opinião dos americanos que lideraram o estudo, novas avaliações para determinar se os asiáticos estão mais predispostos a essa doença autoimune.
Como a média de idade dos participantes com essa micobactéria e outras infecções oportunistas foi de 50 anos, os cientistas especulam que esses anticorpos se desenvolvem ao longo do tempo, como resultado de uma combinação de fatores genéticos e ambientais.
No futuro, após a causa do problema ser identificada, os autores dizem que será possível estabelecer um tratamento, com foco nas células que produzem os autoanticorpos. Mas já se sabe que antibióticos não são eficazes no combate à doença, e medicamentos contra o câncer que inibem a produção de anticorpos têm sido uma aposta inicial. As informações são do Bem Estar.
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