A primeira audiência pública da Comissão Nacional de Verdade no Rio ocorreu nesta segunda-feira em clima de cobrança. Ex-presos políticos, familiares de mortos e desaparecidos e militantes que lotaram o auditório na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) questionaram os membros da comissão sobre o sigilo mantido nos depoimentos colhidos atá agora.
"Estamos aqui solicitando que todas as audiências sejam publicadas. Não podemos continuar colocando sob sigilo notórios torturadores. Por exemplo: Cláudio Guerra vai à comissão, presta um depoimento que ele já escreveu e dá sete nomes de membros da repressão que a sociedade desconhece até hoje. Precisamos conhecer todas as falas", reclama Cecília Coimbra, integrante do Tortura Nunca Mais e ex-presa política.
Também estiveram presentes os ex-presos políticos Inês Etienne Romeu, Victória Grabois, Ana Miranda e Elizabeth Silveira, familiar de um desaparecido político, entre outros. O advogado Modesto da Silveira, que defendeu vários militantes durante a ditadura, também participou da audiência.
Os membros da Comissão justificaram a necessidade do sigilo para não atrapalhar as investigações.
"Às vezes, é um pouco chocante ouvir de companheiros da mesma luta, principalmente de gente que sofreu no período, um tom acusatório como se o nosso sigilo, o sigilo necessário para uma investigação, fosse da mesma ordem do sigilo que ocultava na época coisas feias, horrorosas", rebateu Maria Rita Khel, um dos membros da Comissão Nacional da Verdade. "Mesmo sendo uma comissão de estado, é outro estado", concluiu.
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