Um caso raro, o Fantástico descobre uma mulher que come pedra. Roupa simples e sacolinha na mão. É como se estivesse indo à feira. Mas a mercadoria que ela precisa está em outro lugar: na beira da estrada.
Tereza Lynn procura, olha, descarta. Até que encontra o que quer: uma pedra. Ali mesmo, no acostamento de uma pequena estrada do interior da Virgínia, nos Estados Unidos, ela prova.
"O que você sente?", o Fantástico pergunta. "É uma satisfação. E meu corpo parece que agradece por ter dado a ele algo que precisava", diz a americana.
Isso foi só o aperitivo. Ela volta para casa com a sacola cheia. Tereza tem 45 anos e dois filhos. Está desempregada, mora com o marido. É na cozinha da casa simples que ela prepara as pedras para comer. Só precisa de um martelo, que já está a postos. Quebra tudo em pedaços pequenos, para ficar mais fácil. Uma mordidinha com o dente canino esquerdo e vai mastigando, como se fosse um biscoito, um amendoim.
Tereza não lava as pedras. Diz que a água tiraria o tempero natural delas. Mas tem algum sabor? "Tem sabor, sim. Não como uma bala ou outra comida. Apenas gosto de mineral e terra.", conta Tereza.
Um gosto que ela quer compartilhar com a visita. Provar? O repórter Rodrigo Bocardi normalmente costuma experimentar, mas desta vez... Ela diz que é muito bom.
Tereza não come só pedras. Alimenta-se normalmente no café da manhã, no almoço e no jantar. Gosta de hambúrguer e batata frita. As pedras são como um cafezinho, um pequeno vício de todos os dias. Ela nunca consultou um médico sobre esse estranho hábito, mas acha que tem uma doença. É a chamada alotriofagia, a vontade de comer coisas não comestíveis.
“A alotriofagia é um termo médico para designar gente que tem o comportamentos de se alimentar ou comer coisas não usuais, não comestíveis, por exemplo: cimento, tijolo, argamassa,plástico, pedra”, explica o psiquiatra do HC-USP Táki Cordás.
O Fantástico já mostrou uma caso semelhante ao de Tereza: o de uma jovem americana que ficou viciada em comer a raiz dos cabelos. O caso de Liz era tão grave que parte do couro cabeludo dela ficou careca.
“Comer a raiz do cabelo me acalma, tranquiliza”, dizia Liz.
Um sentimento parecido com o de Tereza. Ela assume que recorreu às pedras em momentos de depressão.
“Eu me sinto feliz com isso aqui. Menos ansiedade. Eu me sinto melhor", diz Tereza.
O psiquiatra diz que um desequilíbrio emocional pode ser a causa da alotriofagia. Outro motivo pode ser uma carência de nutrientes no corpo. O organismo tenta buscar esses nutrientes justamente nessas substancias: terra, tijolo. Obviamente que não vai conseguir, mas é uma resposta do nosso organismo a essa carência.
“Depressão é um deles. Um transtorno que a gente chama de transtorno obsessivo compulsivo. A pessoa come essas coisas não usuais, não alimentais pra diminuir uma sensação de angústia que ela tem”, explica o psiquiatra.
Tereza começou a comer pedras quando engravidou do primeiro filho, há 22 anos. Segundo o especialista Ricardo Fittipaldi, o hábito pode trazer riscos ao corpo dela.
“Nosso estomago não tem a capacidade de digerir pedras. Pode causar úlceras, pode causar hemorragia digestiva, pode causar perfuração do estomago. Se não tratado, pode levar à morte”, alerta o médico gastroenterologista Ricardo Fittipaldi.
Será que existe cura para casos como este? “O primeiro princípio do tratamento dessas pessoas é tentar tratar aquilo que você julga que levou a esse comportamento. E se esse comportamento ainda resistir com o tratamento, você pode aplicar técnicas comportamentais, técnicas psicológicas para tratar disso”, explica o psiquiatra.
A filha caçula de Tereza, de 20 anos, já se acostumou com o vício da mãe. “Acho que ela pode fazer o que ela quiser e se ainda a deixa mais feliz, melhor”, disse a filha.
“Mas você considera isso normal?”, pergunta o Fantástico. "Não é normal, não é uma coisa que eu faça. Mas para ela é natural. Minha mãe faz isso há 20 e poucos anos. Mais do que a minha idade", disse a filha.
Tereza, tentando convencer a todos, diz: "Isso é muito bom." Foto: TV Globo - Fonte: Fantástico
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