O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá ser novamente citado hoje na retomada do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal. A defesa do presidente do PTB, Roberto Jefferson, pretende questionar da tribuna por que o nome Lula não foi incluído no processo do mensalão, mesma pergunta que levou ao tribunal em seguidas petições. Todas rejeitadas.
Nas alegações finais encaminhadas ao STF, o advogado de Jefferson, Luiz Francisco Corrêa Barbosa, classificou como "omissão" a decisão do então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, de não incluir nas suas investigações e na denúncia o nome de Lula.
Na sexta-feira passada, as defesas do deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), do ex-tesoureiro do extinto PL, Jacinto Lamas e de seu irmão, Antonio Lamas, citaram o ex-presidente ao pedir a absolvição de seus clientes. Os advogados destacaram que Lula deveria ter sido investigado.
Um dos integrantes da Corte afirmou reservadamente que o nome de Lula não foi incluído no processo por estratégia do Ministério Público. Se Lula fosse denunciado as investigações ficariam travadas. Em recente entrevista ao Estado, o ministro Marco Aurélio Mello também questionou a ausência de Lula: "Você acha que um sujeito safo como o presidente Lula não sabia?".
Roteiro. O advogado de Jefferson seguirá o mesmo roteiro dos demais réus. Confirmará que houve repasses de recursos, como acusa o Ministério Público, mas insistirá na tese de que o dinheiro era parte de um acordo eleitoral entre PTB e PT. Assim, tentará livrar seu cliente das acusações de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro.
Barbosa afirmará que a acusação não confirma a suposta compra de votos. Além disso, o advogado dirá que seu cliente não tinha como supor que o dinheiro teria origem ilegal.
O STF ouvirá, até a quarta-feira, as últimas defesas dos réus. O relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, começa a proferir seu voto na quinta-feira. De acordo com as estimativas de integrantes do tribunal, o ministro deve levar três ou quatro dias para concluir a leitura de seu voto. Depois, votará o ministro Ricardo Lewandowski, revisor da ação penal do mensalão. Em seguida, se houver tempo, o ministro Cezar Peluso antecipa seu voto. Peluso completa 70 anos no dia 3 de setembro e deve deixar a Corte até o dia 31 deste mês.
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