O desabafo de Luiz Felipe Scolari logo após a vitória por 4 a 0 na última quarta-feira diante do Paraná não foi bem visto pela diretoria do Palmeiras. O discurso causou reações imediatas entre os dirigentes e conselheiros, que consideraram a reação descabida e em hora imprópria. O presidente Arnaldo Tirone era um dos que não se conformavam com a situação.
“Não acredito que isso está acontecendo”, disse Tirone a um interlocutor contatado pelo UOL Esporte. O cartola, aliás, é o que mais blinda o técnico da pressão interna que o pentacampeão sofre.
O gerente de futebol, César Sampaio, era outro que mostrou que não estava satisfeito com as palavras pesadas de Felipão, que pediu para que a diretoria assumisse “essa m....” e que aparecesse em público para avisar ao torcedor que não havia dinheiro para boas contratações.
O detalhe é que o próprio ex-volante, na semana passada, destacou o problema financeiro em uma coletiva de imprensa feita na Academia de Futebol.
“Isso não é novidade. Eu já falei isso na semana passada. Comprometemos o orçamento contratando Wesley, Henrique, Juninho, Daniel Carvalho, todos jogadores de peso. Na semana retrasada, já disse que nosso orçamento estava comprometido e precisaríamos de empréstimo. Nós respeitamos o nosso planejamento e não trabalhamos com a paixão”, disse Sampaio.
“Aqui, tudo vira turbulência e a gente fica mandando recado para pessoas que estão com a gente todos os dias. Temos que trabalhar em cima da nossa necessidade e eu entendo a necessidade deles. Todas as minhas conversas e solicitações, no meu ponto de vista, precisam ser feitas internamente. Não vou mandar recado a ninguém. Estávamos em uma queda de rendimento, ganhamos o jogo e temos coisas a ressaltar esportivamente. Eu estou muito feliz de trabalhar aqui”, completou ele.
Já nem é novidade que Felipão vem sofrendo desgaste no departamento de futebol. O seu alto salário e as grandes expectativas acabaram pressionando ainda mais o treinador, que chegou a abrir mão da multa rescisória caso a diretoria quisesse demiti-lo.
No desabafo após a vitória por 4 a 0, Felipão criticou o fato da diretoria não vir a público para dizer que faltava dinheiro. Na ótica do gaúcho, as apostas que são feitas acontecem pela situação que financeira do clube e, quando um jogador não vinga, sempre ele é o culpado.
“Não estou sozinho nessa, tenho a minha comissão e meus dirigentes. O que eu quero passar é que se não dá de um jeito vai de outro. Precisamos aceitar a crítica e assumir a nossa realidade que não deu para ter o Pelé, o Robinho, nem o Pato, nem o Ganso. Se não tem dinheiro para um apartamento, compra uma casinha e seja feliz”, disse Felipão.
“Pode ser que eles não gostem do que eu esteja falando agora e a gente tenha uma reunião bonita amanhã (quinta-feira)”, disse o treinador, já prevendo turbulência pelo discurso.
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