Os vereadores de Ipojuca, município do Litoral Sul de Pernambuco, silenciaram, hoje (15), após a publicação da matéria exclusiva “O melhor emprego do mundo”, na edição de política do Diario de Pernambuco. O presidente da Casa, Carlos Monteiro (PMDB), foi novamente procurado pela reportagem mas ele justificou, por meio da assessoria de imprensa, que estava no distrito de Nossa Senhora do Ó, onde, segundo o vereador, havia um problema sério de falta de água. Todas as respostas aos veículos de comunicação que procuraram a Câmara pela manhã, portanto, foram dadas pela área de comunicação.
A assessoria informou que a Câmara só vai se pronunciar amanhã, em visita ao Diario de Pernambuco, com todas as atas e documentos necessários. De antemão, declarou que, em 2011, só houve um mês de recesso parlamentar na Casa - informação que não foi dita, de maneira alguma, pelo próprio presidente durante conversa com o Diario no início da semana.
A reportagem surgiu, aliás, após uma ligação feita para a Câmara de Ipojuca, na tentativa de marcar um encontro para se conhecer a estrutura e funcionamento da Casa, já que o município recebe um volume imenso de recursos e investimentos, mas vive no noticiário negativo, com denúncias de malversação do dinheiro público.
Nas ligações feitas inicialmente para o Legislativo, no início da semana, recebemos a informação sobre o recesso e a volta aos trabalhos apenas no mês de abril. Surgiu então a surpresa: abril? Por que abril se as câmaras já deveriam estar em funcionamento logo após o carnaval?
Para evitar dúvidas, a reportagem ligou para o vereador Carlos Monteiro, na tentativa de saber os meses de recesso, mas ele não lembrava, mesmo tendo quatro mandatos de vereador e sendo considerado como um dos mais experientes. Ele disse ainda que havia outros municípios tão importantes quanto Ipojuca que deveriam ser visitados, como se estivesse dizendo: por quê você vai em Ipojuca?
Em meio à conversa por telefone, que foi gravada e pode ser conferida pelo leitor ao lado, o vereador pediu que a reportagem fosse a Ipojuca ou buscasse o regimento interno da Casa por meio do seu procurador para se informar sobre o recesso parlamentar. A sugestão, portanto, foi devidamente aceita. Para mais uma surpresa da apuração, entretanto, o regimento dizia que o período legislativo da Casa se resumia em quatro meses ao ano, enquanto informações do Tribunal de Contas do Estado apontavam que, só em 2011, o Poder Legislativo de Ipojuca gastou R$ 16 milhões. Ou seja, oito meses de recesso, exceto em convocações extraordinárias.
A assessoria de imprensa garantiu que a matéria está equivocada e disparou: “se o presidente tivesse conversado comigo, não teria dito que a sessão iria retomar em abril, Vamos retomar as sessões plenárias nesse mês de março”. O Diario lembra, no entanto, que o próprio regimento dos vereadores diz, no artigo 19, que o presidente é o representante legal da Câmara quando se pronuncia coletivamente, nas suas relações externas e é o supervisor de seus trabalhos e ordem. Se ele não sabe em quais meses o recesso acontece, depois de passar 20 anos no poder municipal, é no mínimo estranho. Por Aline Moura, da redação do Diario de Pernambuco
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