É muito comum ouvirmos de jovens, adultos e até de pessoas já bem maduras, que estão sós porque até o momento não encontraram a pessoa certa, aquela com quem, querem envelhecer. Questionando sobre quem seria a certa, normalmente ouvimos descrições das mais variadas, sobre alguém que possui um conjunto de qualidades e requisitos quase impossíveis de serem encontradas em única pessoa.
Ela precisa ser bonita, honesta, fiel, trabalhadeira, companheira, cúmplice e ter o mesmo nível educacional, cultural, social e econômico que o seu. Não bebe, fuma ou joga, gosta de supermercados, mas não de futebol. Está disposta a lhe dedicar sua atenção em tempo integral, preocupando-se com todos os seus desejos, necessidades, ambições e, sexualmente, lhe enlouquece. Pessoas que reúnem todas essas características provavelmente não existem, e quem as procura é de um egoísmo indescritível, pois nunca diz o que vai dar ou o que possui para oferecer, mas só o que exige.
A inteligência do candidato raramente é citada entre as exigências, o que demonstra a falta desse atributo nos pretendentes que, se pensassem, saberiam que as pessoas de hoje já não serão as mesmas amanhã, pois as experiências vividas e o aumento do conhecimento mudam todos, que nunca mais serão os mesmos, nem física nem mentalmente.
Quando perguntados sobre o que pensam que provocou o fim de seu longo relacionamento, muitos respondem que seu par mudou muito, já não se parece em nada com a pessoa com quem se casou. Mas o que esperavam? As companhias, os desejos e ambições, tudo foi alterado nesse período.
Ela certamente já não gostará do mesmo tipo de roupas, músicas, aventuras, velocidade, riscos, amizades ou de tantas outras coisas que mudaram com o tempo, de modo que seria inconcebível esperar que alguém permanecesse com os mesmos gostos, ou que pensasse da mesma maneira que há quarenta anos.
Suas necessidades atuais também já não são as mesmas, nem física nem emocionalmente e não está mais em busca de algo financeiramente lucrativo, mas de um tempo livre maior, que possa ser dedicado ao autoconhecimento, em busca de maior cultura e de maior convivência com os filhos e netos.
Nesta fase, pouco ou nada do que buscava na juventude continuará lhe interessando e a beleza física de seu par, se ele gosta de supermercado, de futebol ou de cinema, são coisas que sequer serão consideradas em seu relacionamento. Sua procura será pelo que mais importa atualmente: o companheirismo, a cumplicidade, a amizade e o carinho.
Será muito comum encontrar-se rindo das próprias opções, escolhas e exigências juvenis, das preocupações desnecessárias que teve e dos momentos felizes vividos juntos de sua companheira. Afinal, essa é a sua história e nada melhor do que poder partilhá-la com quem dela participou, seja por pouco ou por muito tempo.
Assim, as pessoas certas para determinado período de nossa vida poderão não sê-lo em outro, pois mudaram, assim como nós. Se antes necessitávamos de uma companheira jovem, ativa, disposta a nos acompanhar em muitas aventuras e correrias, hoje procuramos alguém que compartilhe de nossa maior paciência e da busca da segurança, com a pouca pressa em atingirmos nosso destino.
Para que isso ocorra, entretanto, é necessário que sua companheira ou companheiro receba demonstrações diárias de que você realmente a ama, é seu amigo e companheiro para que ela, sempre segura disso, passe a retribuir-lhe com tudo o que você sempre desejou e que realmente importa.
A pessoa ideal, para um relacionamento inteligente, saudável, maduro e duradouro, só é encontrada quando entendemos a necessidade do dar e do fazer feliz, pois o receber será uma consequência natural dessa doação.
João Bosco Leal www.joaoboscoleal.com.br *Jornalista, escritor, articulista político e produtor rural
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