Se ainda havia esperança de derrotar o câncer com facilidade usando a genética, uma pesquisa britânica acaba de mostrar que o cenário é bem mais complicado.
A equipe liderada por Charles Swanton, da ONG Cancer Research UK, mostrou que há uma variedade estonteante de mutações (alterações no DNA) ligadas ao câncer dentro do mesmo tumor.
Essas alterações, muitas das quais relacionadas à transformação de uma célula normal em tumoral, são os principais alvos de remédios anticâncer de última geração.
A ideia é que, mirando com precisão esses pedaços "rebeldes" do DNA do doente, seria possível desligar o interruptor biológico que mantém o câncer funcionando --impedindo a produção descontrolada de novas células doentes, por exemplo.
De quebra, se esse conceito valesse, seria possível colocar em prática uma versão molecular da medicina personalizada. Por meio de uma biópsia, bastaria identificar as mutações-chave do tumor de determinado paciente e centrar fogo nelas.
A equipe liderada por Charles Swanton, da ONG Cancer Research UK, mostrou que há uma variedade estonteante de mutações (alterações no DNA) ligadas ao câncer dentro do mesmo tumor.
Essas alterações, muitas das quais relacionadas à transformação de uma célula normal em tumoral, são os principais alvos de remédios anticâncer de última geração.
A ideia é que, mirando com precisão esses pedaços "rebeldes" do DNA do doente, seria possível desligar o interruptor biológico que mantém o câncer funcionando --impedindo a produção descontrolada de novas células doentes, por exemplo.
De quebra, se esse conceito valesse, seria possível colocar em prática uma versão molecular da medicina personalizada. Por meio de uma biópsia, bastaria identificar as mutações-chave do tumor de determinado paciente e centrar fogo nelas.
DIVERSIDADE
Swanton e seus colegas colocaram essas ideias à prova ao fazer uma das primeiras análises detalhadas de variações genéticas intratumorais, ou seja, dentro de um mesmo tumor, a partir de amostras de quatro pessoas, todas com câncer nos rins.
Usando métodos já comuns em estudos genéticos de tumores (veja infográfico acima), os cientistas se depararam com enorme diversidade no DNA canceroso.
Cerca de 70% das mutações identificadas não estão presentes em todas as regiões do tumor. As mudanças vão desde as aparentemente simples, como trocas de uma única "letra" química de DNA, até as que afetam todo o genoma da célula cancerosa, fazendo-o dobrar de tamanho.
Levando em conta essas mutações, a equipe conseguiu até traçar uma espécie de árvore genealógica das células tumorais.
Olhando esse desenho em árvore, ficou claro para os cientistas que o padrão é o mesmo que aparece, por exemplo, entre espécies de seres vivos que vão divergindo umas das outras ao longo da evolução.
O que provavelmente está acontecendo, apontam eles, é que algumas mutações conferiram mais chances de multiplicação e sobrevivência a certos subgrupos de células.
Nesse caso, enquanto um remédio mirando determinada mutação ataca certas células do tumor, outras conseguem sair relativamente ilesas e refazem o câncer mais tarde, propõem eles.
Antonio Buzaid, chefe do Centro de Oncologia do Hospital São José, afirma que o trabalho chama a atenção por seu alto nível técnico, mas diz ter dúvidas sobre sua relevância para médicos e pacientes.
"O que eles dizem nós já sabíamos, de certa maneira, mas nunca havia sido demonstrado com esse rigor."
Para Buzaid, a variação genética dos tumores, na maioria dos casos, não deve ser suficiente para barrar remédios cujos alvos estão no DNA.
O estudo está na revista médica americana "New England Journal of Medicine". REINALDO JOSÉ LOPES - EDITOR DE "CIÊNCIA E SAÚDE"
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