O movimento de aproximação feito pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD) em direção ao PT, por ora suspenso enquanto o ex-governador José Serra (PSDB) decide se entra na campanha eleitoral, deflagrou um embate entre setores petistas e o grupo que hoje circunda o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em jogo ainda latente está a disputa pelo controle dos rumos que deve tomar a pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo do ex-ministro da Educação Fernando Haddad.
Oficialmente, quem decide o destino do barco haddadista é o conselho político da pré-candidatura, que conta com 27 integrantes e tem feito reuniões mensais - a quarta ocorrerá no próximo sábado - para avaliar cenários e delinear estratégias. O PT até o momento avalia que, no estágio estadual, ainda não é necessário uma coordenação de pré-campanha menor, com um núcleo bem definido.
Na prática, porém, uma batalha surda vem sendo travada entre o grupo petista que vinha se colocando prontamente favorável e o que se manifestava contrário à aliança com o PSD.
Conforme o Estado mostrou em sua edição de sábado, o grupo que quer o acordo, e que até o recuo do prefeito contava cada vez mais com ele na chapa, já revê a estratégia que tinha em mente para não apenas desorganizar o campo tucano, mas também atrair os setores médios e conservadores que tradicionalmente rejeitam o PT na capital.
Grupos econômicos. De orientação mais pragmática, os petistas-kassabistas avaliam que, sem o prefeito, a campanha terá de montar uma agenda específica voltada para a atração do empresariado e de grupos religiosos.
O PT pró-Kassab está temeroso de que a entrada de Serra unirá na órbita tucana parte importante dos grupos econômicos em disputa, além dos líderes evangélicos com mais capacidade de mobilização de eleitores.
Nos bastidores, esse grupo classifica como "ingênuos" os setores petistas contrários ao alinhamento com Kassab e avalia que o PT que torce o nariz para o prefeito "não tem ideia" da força dos setores conservadores que vão se mobilizar na disputa.
De outro lado, os segmentos petistas que esperam com cada dia mais vigor que Serra entre na disputa para que leve Kassab junto com ele - a órbita haddadista na ponta de lança - se espantou com a aproximação do prefeito e torce para que ele se distancie definitivamente. Integrantes desse time lembram que a tese de revisão da estratégia ora defendida pela cúpula petista, tendo a órbita lulista à frente, foi derrotada em reunião do conselho político.
Periferia. Na ocasião prevaleceu a tese de que a pré-candidatura seria inicialmente direcionada à periferia e aos pequenos empresários das regiões mais afastadas. A partir desta semana, sempre nas sextas e segundas-feiras, Haddad irá participar de plenárias em diversos bairros. O cronograma começa no M’Boi Mirim, na zona sul, e em Brasilândia, zona norte, ambas regiões periféricas da capital.
Esse grupo analisa que a entrada de Kassab na chapa tira não apenas de Haddad o discurso de oposição, mas de todos os candidatos a vereador. Além disso, dizem, será mais difícil mudar os rumos da administração municipal, mal avaliada em diversas pesquisas, caso o PT vença com Kassab na chapa.
De resto, o grupo antikassabista avalia que uma derrota de Serra, um dos quadros mais importantes do PSDB, seria mais acachapante para os tucanos e comprometeria mais o projeto do governador Geraldo Alckmin para 2014 do que a derrota de um dos quatro pré-candidatos que estão hoje colocados na disputa - Andrea Matarazzo, Bruno Covas, José Aníbal e Ricardo Trípoli.
Quando parecia que a entrada de Kassab no barco petista era cada vez mais iminente, petistas antikassabistas reclamavam reservadamente do "grupo do Lula" e a intenção de "empurrar o Kassab goela abaixo".
No comando do PT, porém, a avaliação predominante é que a articulação a favor de um acordo com o prefeito volta com força total caso Serra decida não entrar na disputa.
O pré-candidato, por sua vez, já disse a aliados que prefere Serra na disputa porque "coloca as coisas em seus lugares". Quem dialoga com frequência com Haddad traduz da seguinte forma: pessoalmente, não quer Kassab na chapa, daí porque manifesta a preferência por Serra. Mas o ex-ministro sabe que, embora tenha voz nas decisões, não tem força política própria no partido, e não vai optar pelo choque com Lula, o homem que o fez candidato. Fonte: Fernando Gallo/Folha
Oficialmente, quem decide o destino do barco haddadista é o conselho político da pré-candidatura, que conta com 27 integrantes e tem feito reuniões mensais - a quarta ocorrerá no próximo sábado - para avaliar cenários e delinear estratégias. O PT até o momento avalia que, no estágio estadual, ainda não é necessário uma coordenação de pré-campanha menor, com um núcleo bem definido.
Na prática, porém, uma batalha surda vem sendo travada entre o grupo petista que vinha se colocando prontamente favorável e o que se manifestava contrário à aliança com o PSD.
Conforme o Estado mostrou em sua edição de sábado, o grupo que quer o acordo, e que até o recuo do prefeito contava cada vez mais com ele na chapa, já revê a estratégia que tinha em mente para não apenas desorganizar o campo tucano, mas também atrair os setores médios e conservadores que tradicionalmente rejeitam o PT na capital.
Grupos econômicos. De orientação mais pragmática, os petistas-kassabistas avaliam que, sem o prefeito, a campanha terá de montar uma agenda específica voltada para a atração do empresariado e de grupos religiosos.
O PT pró-Kassab está temeroso de que a entrada de Serra unirá na órbita tucana parte importante dos grupos econômicos em disputa, além dos líderes evangélicos com mais capacidade de mobilização de eleitores.
Nos bastidores, esse grupo classifica como "ingênuos" os setores petistas contrários ao alinhamento com Kassab e avalia que o PT que torce o nariz para o prefeito "não tem ideia" da força dos setores conservadores que vão se mobilizar na disputa.
De outro lado, os segmentos petistas que esperam com cada dia mais vigor que Serra entre na disputa para que leve Kassab junto com ele - a órbita haddadista na ponta de lança - se espantou com a aproximação do prefeito e torce para que ele se distancie definitivamente. Integrantes desse time lembram que a tese de revisão da estratégia ora defendida pela cúpula petista, tendo a órbita lulista à frente, foi derrotada em reunião do conselho político.
Periferia. Na ocasião prevaleceu a tese de que a pré-candidatura seria inicialmente direcionada à periferia e aos pequenos empresários das regiões mais afastadas. A partir desta semana, sempre nas sextas e segundas-feiras, Haddad irá participar de plenárias em diversos bairros. O cronograma começa no M’Boi Mirim, na zona sul, e em Brasilândia, zona norte, ambas regiões periféricas da capital.
Esse grupo analisa que a entrada de Kassab na chapa tira não apenas de Haddad o discurso de oposição, mas de todos os candidatos a vereador. Além disso, dizem, será mais difícil mudar os rumos da administração municipal, mal avaliada em diversas pesquisas, caso o PT vença com Kassab na chapa.
De resto, o grupo antikassabista avalia que uma derrota de Serra, um dos quadros mais importantes do PSDB, seria mais acachapante para os tucanos e comprometeria mais o projeto do governador Geraldo Alckmin para 2014 do que a derrota de um dos quatro pré-candidatos que estão hoje colocados na disputa - Andrea Matarazzo, Bruno Covas, José Aníbal e Ricardo Trípoli.
Quando parecia que a entrada de Kassab no barco petista era cada vez mais iminente, petistas antikassabistas reclamavam reservadamente do "grupo do Lula" e a intenção de "empurrar o Kassab goela abaixo".
No comando do PT, porém, a avaliação predominante é que a articulação a favor de um acordo com o prefeito volta com força total caso Serra decida não entrar na disputa.
O pré-candidato, por sua vez, já disse a aliados que prefere Serra na disputa porque "coloca as coisas em seus lugares". Quem dialoga com frequência com Haddad traduz da seguinte forma: pessoalmente, não quer Kassab na chapa, daí porque manifesta a preferência por Serra. Mas o ex-ministro sabe que, embora tenha voz nas decisões, não tem força política própria no partido, e não vai optar pelo choque com Lula, o homem que o fez candidato. Fonte: Fernando Gallo/Folha
Nenhum comentário:
Postar um comentário