No dia 21 de janeiro, após se submeter a uma série de tratamentos para se livrar, sem sucesso, de dores na coluna causadas por uma hérnia de disco, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB), ouviu o conselho da presidente Dilma Rousseff e passou por uma sessão de acupuntura com o médico chinês Gu Hanghu, queridinho dos políticos que sofrem com males em Brasília.
Dias antes, a presidente já havia telefonado para o cardiologista Roberto Kalil Filho pedindo que ele ajudasse a auxiliar a encontrar um tratamento que a curasse, de vez, das dores que a incomodavam há mais de cem dias.
Isolada politicamente, é na líder ruralista, uma ex-inimiga política, que Dilma tem encontrado uma improvável fonte de apoio.
A relação das duas começou em 2009, logo depois que a petista anunciou estar em tratamento contra um câncer.
Antipetista ferrenha, Kátia, à época senadora pelo DEM do Tocantins, deixou as críticas de lado e decidiu escrever uma carta de próprio punho, bastante religiosa, prestando solidariedade.
"Fiquei muito chocada e abatida como mulher", afirmou Kátia Abreu àFolha.
Apontada já na época como nome à sucessão de Lula, Dilma ligou para a senadora para agradecer "pelas palavras que a tocaram muito".
A carta e o telefonema ganharam status de segredo de Estado. Até porque, meses depois, na campanha presidencial de 2010, Kátia tentou a vaga de vice na chapa de José Serra (PSDB) e trabalhou pelo tucano, que acabou derrotado por Dilma.
Logo que soube que sua ministra da Agricultura havia jogado uma taça de vinho na cara de Serra, durante um jantar, no fim do ano passado, na casa do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), a presidente aplaudiu a auxiliar.
"Eu fiz o que qualquer mulher honrada faria. Respondi à altura de quem preza a sua honra", afirmou Kátia à época sobre sua reação, depois de ter sido chamada pelo tucano de "namoradeira".
DIGO SIM
Já presidente reeleita e montando sua equipe para o segundo mandato, Dilma convidou Kátia para jantar no Palácio da Alvorada. "Chegou a hora. Quero que você seja ministra da Agricultura", disse a petista.