Em seu discurso, Cyro de Mattos fez um relato fidedigno de como rememora a cidade de Itabuna, berço de sua formação intelectual e fonte de inspiração para muitas de suas obras.
O escritor Cyro de Mattos e a presidente da FICC, Nilmecy Santos Gonçalves, em cerimônia de posse de Mattos entre os imortais da Academia de Letras da Bahia.
Aconteceu nesta quinta-feira (10), em Salvador, o empossamento do escritor Cyro de Mattos na cadeira de nº 22 da Academia de Letras da Bahia (ALB). Mattos, que já atuou também como presidente da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC), integra também as academias de Letras de Itabuna e Ilhéus.
Na cerimônia de posse, representaram o município de Itabuna Nilmecy Santos Gonçalves, atual presidente da FICC, e a escritora Sônia Maron, atual presidente da Academia de Letras de Itabuna.
Nilmecy Santos Gonçalves disse que a cerimônia foi muito bonita e emocionante, tendo levado o homenageado e recém empossado a refletir no seu discurso o que vinha se estabelecendo ao longo dos últimos dias em termos de sentimento. “Esse momento é muito importante não só para ele como escritor e como intelectual, mas é muito simbólico para Itabuna, berço de tantos outros gênios da literatura e que, agora, tem mais um em sua lista, ratificando a potencial natureza grapiúna para as artes, para a cultura e para as letras. Estamos felizes porque nossa cidade, mais uma vez, com a escolha de Cyro de Mattos para ocupar uma cadeira na Academia de Letras da Bahia, brilha nesta casa numa constelação de estrelas que jamais se apagará e que estará para sempre marcada pelo especial talento proveniente de uma cidade que tem cheiro de cacau e um texto, seja poético, seja em prosa, com os resquícios de nossa história, nosso rio, nossas pedras pretas”, disse a presidente da FICC.
A fala da professora Nilmecy esteve corroborada pelo discurso de empossamento de Cyro de Mattos, que fez um relato fidedigno de como rememora a cidade de Itabuna, berço de sua formação intelectual e fonte de inspiração para muitas de suas obras.
Mattos ocupa, agora, a cadeira que pertenceu originalmente ao jurista, político e escritor Ruy Barbosa e é o número 5 entre os itabunenses que já integraram ou integram a maior casa literária do estado, que já teve como representantes itabunenses os escritores Jorge Amado, Itazil Benício e Hélio Pólvora. Entre os membros efetivos, consta na lista ainda o também itabunense jornalista Samuel Celestino, que escreve para o jornal A Tarde.
A presidente da Academia de Letras de Itabuna, Sônia Maron, e a presidente da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC), Nilmecy Gonçalves.
Em texto assinado por Cyro de Mattos, publicado no site da Academia de Letras de Itabuna, o escritor fala de sua emoção, ao ter sido escolhido para integrar uma das cadeiras da ALB. “Durante cinquenta anos, a minha vida está ligada permanentemente à literatura. Desde que publiquei meu primeiro conto, “A Corrida”, no suplemento literário do “Jornal da Bahia”, dirigido por João Ubaldo Ribeiro, naqueles idos de 1960, nunca mais deixei de publicar artigos, volumes de contos, poemas, novelas, romance e literatura infanto-juvenil. Cada vez mais tenho amado às letras, que me ajudam a sobreviver. A literatura tem demonstrado que gosta de mim. Reconhece meu trabalho. Alguns de meus livros receberam prêmios importantes, no Brasil e exterior. Nove deles foram publicados no exterior”, indica o escritor enfatizando a importância de sua obra não somente na literatura baiana, como também a brasileira e a mundial, ao que continua estendendo as homenagens que recebe à sua família.
“Sou casado com Mariza há 48 anos, pai de três filhos, avô de seis netos. Agradeço a Deus ter chegado até aqui. Confesso que o mundo das necessidades materiais, que gera essa guerra de cada um só pensar em si, e que continua a fazer estúpidos estragos na maravilha da vida, desviando os seres humanos da ternura, há milênios, nunca me apeteceu. Como se diz, “o mundo de Deus é grande, eu trago na mão fechada, o pouco com Deus é muito, o muito sem Deus é nada”, finaliza o escritor.
Sobre o mais novo imortal da Academia de Letras da Bahia