Na reta final da investigação, a 23ª delegacia de Lauro de Freitas (BA) deve indiciar, em até dez dias, por homicídio, três ex-namorados de Kelly Sales Silva, 22 anos, jovem que ficou conhecida como “Kelly Cyclone” por ajudar a organizar festas regadas a cocaína e relacionamentos com chefes de quadrilhas em Salvador (BA). A partir de denúncias e relatos de uma testemunha, a polícia suspeita que o trio tenha encomendado o crime com dois objetivos: por desavenças passionais e para eliminar qualquer chance de vazamento de informações de traficantes.
Após ganhar fama com a exposição em emissoras de TVs baianas e até mesmo ser cotada como candidata a vereadora em Salvador, Kelly foi morta a tiros na madrugada do dia 18 de julho, quando estava dentro do carro de um ex-companheiro, filho de policial, nas proximidades da praça central de Lauro de Freitas. Até hoje, ninguém foi preso pelo crime.
“Há indicativos de uma parceria entre ex-namorados dela, que inclusive cultivavam rixas entre eles, devido ao ciúme em torno de Kelly”, explicou ao Terra o chefe de investigação da 23ª DP, Ubirajara Braga. Sem adiantar detalhes e nomes para não atrapalhar as apurações, Braga não confirmou se o filho de policial, que estava ao lado dela no dia do assassinato, teria envolvimento. No dia 18, no entanto, ele admitiu que suspeitas pairavam sobre o jovem que, de acordo com as investigações, seria apenas usuário de drogas. No dia da morte, parentes de Kelly declararam que a jovem teria sido ameaçada pelo filho de policial, após ela ter recusado um pedido para ter um relacionamento sério.
Na relação de suspeitos pelo crime confirmada pela polícia no mês passado ainda constava o apenado Toni Rogério, o “Tonny”, que namorou Kelly no passado. Ele está preso na 23ª Delegacia, mas ainda chefiaria pontos de venda de entorpecentes.
Vazamento de vídeo no IML ainda sem punição
Na semana passada, a Corregedoria do Departamento de Polícia Técnica (DPT) da Bahia concluiu uma sindicância que identificou dois servidores do órgão responsáveis pela divulgação de um vídeo com imagens filmadas dentro do Instituto Médico Legal (IML) de Salvador (BA) do corpo de Kelly Cyclone. Contudo, nesta quarta-feira, a assessoria do DPT informou que não há registro de afastamento da dupla de suas funções e qualquer penalização contra eles. Segundo o órgão, o DPT quer aguardar uma investigação policial sobre o caso para definir o futuro dos funcionários.
A medida foi tomada após a família da vítima declarar que pretende processar o Estado da Bahia pela publicação das cenas do site YouTube. Segundo o DPT, as imagens foram realizadas em um local de acesso restrito a agentes da segurança pública. O vídeo mostrava o corpo de Kelly com uma camiseta da Argentina, e os detalhes das inúmeras tatuagens da jovem. Outros cadáveres que estavam no IML também foram filmados. Postado com o título “Kelly Cyclone morta no IML”, o vídeo tinha 1 minuto e 56 segundos.
Cocaína e fama
Familiares de Kelly negam que a jovem tenha ligações com tráfico ou quadrilhas de assaltantes. A notoriedade dela ganhou força em fevereiro de 2010, durante um evento que ficou conhecido como a “festa do pó na Boca do Rio”. Na época, ela foi apontada pela polícia como um dos seis traficantes detidos no local. A jovem trazia no corpo tatuagens que chamavam a atenção, como um dragão que cobria a perna, a inscrição “Vida Loka” e o nome de um ex-namorado.
Dançarina de pagode, ela chegou a declarar que pensava em disputar uma vaga na Câmara Municipal de Vereadores de Salvador em 2012.Fonte: Terra