A Polícia Federal explica que o software First Mile era usado para monitorar, ilegalmente, a localização do celular dos alvos
Foto: Divulgação/Polícia Federal
Acusados de envolvimento no esquema ilegal de espionagem montado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), policiais federais prestaram depoimento aos investigadores que cuidam do caso. Três acusados foram ouvidos pela Polícia Federal na quinta-feira (25), sendo um no Rio de Janeiro e dois em Brasília.
Nesta sexta-feira (26), ocorreram mais depoimentos em Brasília. Todos os depoentes estão afastados dos cargos. As oitivas ocorreram na sede da PF na capital federal e na superintendência da corporação no Rio.
Ao todo, foram cumpridos, desde quinta-feira, 21 mandados de busca e apreensão contra os suspeitos de integrarem os cinco núcleos da organização criminosa que teria sido montada para monitorar críticos do governo durante a gestão de Jair Bolsonaro.
Uma fonte da Controladoria Geral da União (CGU) aponta que já existe materialidade suficiente para confirmar a participação de Alexandre Ramagem e outros no esquema. A Polícia Federal explica que o software First Mile era usado para monitorar, ilegalmente, a localização do celular dos alvos. A espionagem ocorria sem autorização da Justiça e sem que o alvo soubesse que estava sendo vigiado.
“A investigação apura a utilização do sistema de inteligência First Mile pela ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) no monitoramento de dispositivos móveis, sem a necessidade de interferência e/ou ciência das operadoras de telefonia e sem a necessária autorização judicial.
Segundo informado pela Polícia Federal, o referido sistema, fornecido pela empresa Cognyte Brasil S.A., é capaz de identificar a Estação Rádio Base (ERB) indicando a localização de qualquer celular monitorado”, destaca um trecho do relatório da investigação.
Além de Brasília, outros mandados foram cumpridos em Juiz de Fora (MG) (1), São João Del Rei (RJ) (1) e Rio de Janeiro (1). As diligências apontam que o programa First Mile foi usado para espionar 1,8 mil pessoas, entre políticos, jornalistas e ministros do Supremo.
Outros programas eram usados na espionagem, Inclusive alguns para interceptar mensagens de texto ou forçar acesso a informações de redes sociais. São 66 mil registros de localização, mensagens e outras informações. Quase a totalidade da lista de alvos ainda está sob sigilo, no inquérito que segue no Supremo.
No entanto, existem dois pedidos, um da equipe de investigação e outro do Grupo Prerrogativas, para que o relator, ministro Alexandre de Moraes, divulgue os nomes dos alvos.
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