Nova nomenclatura substituirá 'aglomerados subnormais' em levantamentos como o Censo
Uma Semana das Bases Comunitárias de Segurança do Nordeste de Amaralina,depois de Inauguradas.
Foto: Elói Corrêa/ SECOM
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) está substituindo a denominação dos “aglomerados subnormais”, adotada pelo instituto em seus censos e pesquisas desde 1991. A nova denominação será “favelas e comunidades urbanas”. A mudança ocorreu após debates e consultas a movimentos sociais, comunidade acadêmica e diversos órgãos governamentais.
Com isso, o IBGE retoma o termo “favela”, utilizado historicamente pelo órgão desde 1950, junto ao termo “comunidades urbanas”, de acordo com identificações mais recentes. Não houve alteração no conteúdo dos critérios que estruturam a identificação e o mapeamento dessas áreas e que orientaram a coleta do Censo Demográfico 2022. Trata-se da adoção de um novo nome e da reescrita dos critérios, refletindo uma nova abordagem do instituto sobre o tema.
“A divulgação dos resultados do Censo 2022 será realizada, no segundo semestre, de forma condizente com os critérios utilizados para a identificação, o mapeamento e a coleta censitária. A nova nomenclatura foi escolhida a partir de estudos técnicos e de consultas a diversos segmentos sociais, visando garantir que a divulgação dos resultados do Censo 2022 seja realizada a partir da perspectiva dos direitos constitucionais fundamentais da população à cidade”, diz Cayo de Oliveira Franco, Coordenador de Geografia da Diretoria de Geociências do IBGE.
Segundo projeções da ONU-Habitat 2022, cerca de um bilhão de pessoas vivem atualmente em favelas e assentamentos informais, em todo o mundo. Esse número pode estar subestimado, frente às dificuldades de captação dos dados em diversos países e à dinamicidade de formação e dispersão desses territórios. De acordo com a ONU-Habitat, em 2021, cerca de 56% da população do planeta vivia em áreas urbanas, e essa taxa deve subir para 68% em 2050.
Sob a ótica das estatísticas e informações oficiais no mundo, a identificação e a classificação de favelas e comunidades urbanas levam em consideração alguns marcos. A começar pelos objetivos de sesenvolvimento do milênio, de 2000, mais precisamente o objetivo 7: Garantir a sustentabilidade ambiental, com a meta de até 2020, melhorar significativamente a vida de pelo menos 100 milhões de habitantes de favelas.
No campo das estatísticas internacionais a respeito das favelas e comunidades urbanas, desde o início do século XXI, um conjunto de esforços, coordenados principalmente pela ONU-Habitat, tem se voltado para a construção de nomenclaturas e parâmetros operacionais globais para a identificação e o mapeamento desses territórios. Os indicadores produzidos para acompanhamento das metas globais associadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, por exemplo, demandam o aperfeiçoamento constante da produção de informações sobre esses territórios.
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