Em dezembro do ano passado, o Ministério da Saúde anunciou a incorporação da vacina da dengue Qdenga ao SUS.
Foto: Lauren Bishop
O número de casos de dengue nas duas primeiras semanas de 2024 foi mais do que o dobro do registrado no mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério da Saúde. Conteúdo G1
Nas duas primeiras semanas deste ano, houve 55.859 casos prováveis de dengue no país. Seis pessoas morreram por complicações da doença. A incidência de casos neste ano é de 27,5/100 mil habitantes.
No mesmo período de 2023, haviam sido registrados 26.801 casos, com 17 mortes.
O aumento de casos ocorre em meio ao anúncio do governo de que o número de doses da vacina de dengue só dará para imunizar no máximo 3 milhões de pessoas em 2024.
O país é o primeiro no mundo a oferecer o imunizante na rede pública, mas enfrenta o desafio com a baixa quantidade de doses.
Considerada pelo ministério como a arbovirose urbana mais prevalente nas Américas, principalmente no Brasil, a dengue é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti.
O período do ano com maior transmissão é justamente nos meses mais chuvosos de cada região, geralmente de novembro a maio, e, portanto, o alerta é para o combate ao mosquito.
Água parada é o principal foco, e os ovos do mosquito podem sobreviver por um ano no ambiente.
A infectologista Luana Araújo afirma que o cenário para 2024 é “extremamente preocupante com relação às arboviroses de uma forma geral” em razão do momento climático favorável para a proliferação do mosquito em razão do El Niño com um calor intenso e muita chuva.
“É tudo que o mosquito precisa. No calor, ele coloca os ovos, vem a chuva, que hidrata esses ovos e permite o desenvolvimento da larva. A larva eclode, vem o calor de novo, ela amadurece, vira um outro mosquito e por aí vai”, disse Luana Araújo.
Vacina contra a dengue
Em dezembro do ano passado, o Ministério da Saúde anunciou a incorporação da vacina da dengue Qdenga ao Sistema Único de Saúde (SUS). Na ocasião, a ministra, Nísia Trindade, disse que o novo imunizante deverá começar a ser aplicado em fevereiro deste ano.
O ministério deve priorizar a imunização de crianças e jovens de 6 a 16 anos. A definição sobre por qual faixa etária e grupo a vacinação começará, além da quantidade de doses a ser distribuída aos estados, será tomada nas próximas semanas.
A Qdenga é um imunizante contra a dengue desenvolvido pelo laboratório japonês Takeda Pharma.
A farmacêutica conseguiria entregar de fevereiro até novembro cerca de 5 milhões de doses. No entanto, esse número seria menor em volume de pessoas imunizadas, já que são necessárias duas doses para o ciclo completo.
O Ministério da Saúde ainda está em tratativas para receber doações. Com isso, a quantidade de doses pode chegar a 6 milhões de doses.
Entre as ações de combate à dengue, o ministério informou que foram distribuídos cerca de 175 mil testes aos estados para fazer a testagem da população.
Para a infectologista Luana Araújo, essa quantidade não será suficiente para o número de casos projetados, mas que também, em razão da validade dos testes, não é recomendável entregar a quantidade total agora.
“Se a gente pensar que a projeção de número de casos para esse ano é maior, é claro que esse número de testes distribuídos não vai ser suficiente para lidar com esse cenário. Mas também não se faz a distribuição da quantidade total que se prevê necessária para um ano no começo do ano. Existe validade de teste”, afirmou.
Também foram distribuídas pelo ministério cerca de 30 toneladas de inseticidas utilizados no combate das larvas e dos mosquitos adultos. A pasta disse ainda que repassou neste ano R$ 256 milhões para ações de fortalecimento da vigilância e combate de endemias, com foco nas arboviroses.
Outras medidas incluem a implantação de uma Sala Nacional de Arboviroses (para tratar do controle, pesquisa e resposta) e a capacitação de médicos e enfermeiros. Além disso, o ministério tem programado apoio técnico a estados e municípios com aumento de casos.
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