No Brasil, o ex-presidente é monitorado de perto pelo risco de uma eventual tentativa de fugir em meio a enroscos com a Justiça
Cerimônia de Outorga do Título de Cidadão Honorário do Município de Anguillara Vêneta.
Foto: Alan santos/PR
Com a situação cada vez mais enrolada na Justiça brasileira, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já tem sido monitorado de perto pelo risco de uma eventual fuga.
Antes mesmo dos recentes enroscos relacionados ao escândalo das joias e dos relatos do hacker Walter Delgatti a respeito de suposta trama golpista, se falava na possibilidade de Bolsonaro e familiares se abrigarem na Itália, mas o país europeu pode não ser uma opção para o ex-mandatário, que em 2021 recebeu o título de cidadão honorário de Anguillara Vênetta.
Isto porque, segundo apuração de Jamil Chade, no UOL, autoridades italianas alertam para o fato de que “Bolsonaro poderá ser preso e extraditado ao Brasil”, caso tente fugir para o país, mesmo que ele conseguisse a dupla cidadania.
“Pela legislação, eu sou italiano. Tenho avós nascidos na Itália, e a legislação de vocês diz que eu sou italiano. Pouquíssima burocracia e eu teria cidadania plena”, disse ele em fevereiro, durante estada nos Estados Unidos, ao ser questionado por uma repórter do jornal Corriere della Sera se havia solicitado cidadania italiana.
Em novembro de 2022, poucos dias após o segundo turno das eleições presidenciais, o senador Flávio Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), filhos do ex-presidente, solicitaram à embaixada italiana em Brasília a abertura do processo para obtenção da dupla nacionalidade.
Passados muitos meses e com o clã Bolsonaro imerso em problemas na Justiça, as especulações sobre o tema voltaram à baía, sobretudo após uma declaração do ex-mandatário. “Estive três meses nos Estados Unidos, no estado da Flórida, realmente um estado fantástico”, disse. “Mas apesar de ter sido acolhido muito bem, não existe terra igual a nossa. Sei dos riscos que corro em solo brasileiro, mas não podemos ceder”, completou, em agenda na sexta-feira (18), em Goiás.
Segundo Jamil Chade, apesar do título honorário recebido por Jair Bolsonaro na cidade de seus antepassados, ele não passa de uma homenagem, o que não lhe garante cidadania. Além disso, deputados da Itália e fontes do Ministério da Justiça do país europeu alertam que, no caso de uma eventual ou até se ele conseguisse uma cidadania, mesmo assim poderia ser extraditado.
Questionado sobre se o brasileiro seria bem-vindo na Itália, o deputado Angelo Bonelli, do partido Europa Verde, afirmou que “absolutamente não”. Segundo ele, abrigando Bolsonaro “A Itália se tornaria responsável por uma piora nas relações com o Brasil com uma pessoa que favorece uma tentativa de golpe”. “Acho que a população italiana não gostaria disso, mas é a minha avaliação. Como a Itália pode conceder cidadania a alguém acusado de crimes graves no Brasil?”, questionou o parlamentar.
Outro deputado, Fabio Porta, do Partido Democratico, explicou à coluna que até o momento não há “novidades sobre um possível pedido de cidadania italiana feita por Bolsonaro, mas somente pelos filhos”. Ele, entretanto, pontua que uma eventual nacionalidade possa ser usada de escudo.
“No caso de uma possível fuga dele para Itália, o Brasil poderia sempre pedir a extradição. Não é que a cidadania lhe conceda proteção para tudo”, disse. “Mesmo diante do governo de direita que temos agora não creio que a Itália, nem mesmo se fosse o governo de esquerda, tenha vontade de entrar no meio de uma questão dessa”, acrescentou o parlamentar.
A Jamil Chade uma fonte do Ministério da Justiça da Itália afirmou que mesmo com a cidadania, “Bolsonaro poderá ser preso e extraditado ao Brasil”.
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