Crime ocorreu no km 16 da rodovia Castelo Branco, sentido São Paulo*Marcos Bezerra / FuturaPress / Estadão Conteúdo
Agentes de segurança disseram que homem atirou contra eles na segunda (31), em Osasco. No entanto, imagens flagraram ação e mostram o contrário
SÃO PAULO-Plínio Aguiar, do R7
Dois policiais militares, de 25 e 48 anos, foram presos nesta segunda-feira (31) em Osasco, na região metropolitana de São Paulo, suspeitos pelos crimes de homicídio qualificado, denunciação caluniosa e fraude processual. Os agentes teriam assassinado friamente um homem sem nenhuma suspeita com menos de um metro de distância, quando o mesmo já estava deitado no chão.
O soldado Mike e o policial Fabio estavam em patrulhamento ostensivo pela rua Rio de Janeiro, em Osasco, na tarde de segunda-feira (31), quando avistaram três indivíduos em uma praça pública. Os agentes, sem especificar a suspeita, resolveram abordá-los. Dois fugiram e o outro seguiu para a rodovia Castelo Branco, próxima ao local.
Após cruzar a pista local e a expressa, o suspeito pulou o guard rail da pista e virou o corpo em direção aos policiais e, com uma arma de fogo calibre .22 em punho, efetuou disparos, segundo a versão dos policiais ao 10° DP, onde foi registrado. A ocorrência dos disparos se deu no km 16 da rodovia Castelo Branco, sentido São Paulo. Mike disse que “repeliu a injusta agressão e disparou contra a vítima, que caiu ao solo”. A vítima foi alvejada e, segundo descrição, pode-se notar manchas de sangue no gramado e nos estojos de munição da arma.
O delegado responsável pelo caso foi até o local dos fatos e solicitou acesso às imagens da câmera de segurança da rodovia. A concessionária liberou e constatou-se que os PMs mentiram sobre a ocorrência. “Observa-se que um dos PMs está com o indivíduo rendido e com a situação controlada”, registrou o delegado.
O que realmente ocorreu foi: o PM Fabio atravessou a pista, deslocou-se até uma cerca que existe no canteiro da pista, e alcançou por cima dela um objeto ao colega policial. Em seguida, agrediram o suspeito, que cambaleou e caiu ao chão. Fabio sacou a arma de fogo e disparou contra a vítima, em menos de um metro de distância.
As imagens também mostram que o suspeito não portava arma de fogo. Segundo a investigação, os policiais implantaram uma arma na mão da vítima.
O homem foi socorrido, minutos após o disparo, pela concessionária que administra a rodovia, e encaminhado ao PS Regional de Osasco, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Por enquanto, o delegado pediu a prisão dos PMs e os deixou sob a custódia da Corregedoria da Polícia Militar. Segundo a investigação, “é necessária a custódia dos PMs a fim de evitar que, se continuaram em serviço nas ruas, cometam novos delitos”.
Também foi requisitado exame residuográfico para os PMs e para o corpo da vítima. As armas envolvidas na ocorrência foram apreendidas. Os agentes foram enquadrados no crime de homicídio qualificado, com os agravantes de motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima, além de denunciação caluniosa e fraude processual.
O boletim de ocorrência descreve Mike como aquele que tinha a finalidade de matá-lo, enquanto que Fabio induziu ou instigou o colega a praticar a infração penal. Neste caso, não há fiança para os agentes, uma vez que a soma das penas máximas ultrapassa muito o patamar permitido para a concessão de fiança em solo policial.
Procurada pela reportagem, a Polícia Militar não respondeu, tampouco o 42° batalhão, onde os soldados estão lotados. Por sua vez, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) respondeu apenas que a PM acompanha o caso e que "não compactua com desvios de conduta, apurando todas as ocorrências com máximo rigor".
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