por Lígia Formenti | Estadão Conteúdo
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou nesta segunda-feira, 23, que as mortes de macacos por febre amarela registradas em São Paulo indicam que um novo ciclo da doença está por vir. A confirmação da morte de um primata na região do Horto Florestal, na zona norte da capital paulista, um sinal de que o vírus continua a circular, ocorre menos de dois meses depois de a pasta declarar o fim do pior surto da história da doença. Apesar da proximidade, o ministro da Saúde afirma que sua equipe não se precipitou. "Tecnicamente, não, porque ficamos 90 dias sem registrar nenhum caso e isso indica o encerramento do surto", justificou. Na semana passada, foi confirmada em Itatiba, no interior de São Paulo, a morte de uma pessoa em decorrência de febre amarela. O ministro avalia que o novo ciclo da doença deverá ser "enfrentado com mais cuidado." "Estão todos muito mais alertas, e as medidas deverão ser tomadas preventivamente", disse. Para atender a uma eventual demanda da vacinação, a pasta deverá enviar mais 1,5 milhão de doses para São Paulo. "É para atender o fluxo da população", disse. Há uma expectativa de que possa ocorrer um fenômeno semelhante ao que ocorreu no Rio de Janeiro, quando houve uma corrida para vacinação mesmo em locais onde não era recomendada a vacina. Apesar da fala do ministro, a morte de macacos em São Paulo com suspeita de febre amarela nunca deixou de ocorrer. Como o Estado revelou, enquanto o ministério anunciava o fim do surto, o governo paulista se preparava para estender a vacinação contra a doença para regiões mais vulneráveis. A precaução tinha como justificativa justamente a mudança no comportamento da doença. O coordenador de controle de Doenças do Estado de São Paulo, Marcos Boulos, em entrevista, observava que, em epidemias anteriores, os ciclos eram definidos, com aumento de casos em animais e posterior redução - bem diferente do que ocorreu neste ano. Semanas antes do anúncio do Ministério da Saúde do fim do surto, mortes de macacos já vinham sendo registradas em Gonçalves, na região da Mantiqueira. Também foram feitos registros na região próximo da Rodovia Anhanguera. Estudos conduzidos pela equipe de vigilância da secretaria estadual mostram que a febre amarela em São Paulo neste ano ocorreu em três grandes frentes no Estado - uma situação atípica. No passado, casos ficavam concentrados em algumas áreas já tradicionais, sobretudo na região oeste. A doença se expandiu e hoje casos são registrados em áreas próximas de Campinas e da Grande São Paulo.
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