O controverso neurocientista Sergio Canavero, que disse ter intenções de realizar o primeiro transplante de cabeça humana do mundo, coeditou documentos que afirmam terem ocorrido transplantes semelhantes em ratos, camundongos e um cachorro.
Os artigos publicados no periódico Surgical Neurology International descrevem que pesquisadores da Coreia do Sul e EUA utilizaram um produto químico chamado polietileno glicol, ou PEG, para reconectar a medula espinhal dos animais, segundo informações da Science Alert. O neurocientista por trás dos experimentos, Sergio Canavero, alcançou a fama em 2015, quando propôs que os transplantes de cabeça seriam possíveis e que tinha a intenção de realizá-los em até dois anos.
À época, ele contou que para conseguir isso, pretendia aplicar na área da medula espinhal uma substância química chamada polietileno glicol e, durante várias horas de acompanhamento, reaplicar as injeções com o fluído. Assim, da mesma forma que a água quente é capaz de cozinhar macarrão, o polietileno glicol consegue incentivar a gordura das membranas a se abrir.
No entanto, desde então, todo o processo ficou apenas no papel. O primeiro transplante de cabeça realizado por ele foi em um macaco, que alegadamente teria sido um sucesso. No entanto, até o momento nenhum estudo sobre o assunto foi publicado demonstrando todo o processo cientificamente. Além disso, o macaco só foi mantido vivo por cerca de 20 horas, existindo apenas fotos do momento para comprovar o processo.
Apesar da falta de evidências sólidas, um homem russo que sofre de uma doença degenerativa concordou em ser cobaia. O procedimento seria realizado em um hospital no Vietnã e um cirurgião chinês concordou em ajudar na operação. A equipe norte-americana por trás dos trabalhos mais recentes, da Universidade de Rice, no Texas, tinha o objetivo de tornar o PEG mais efetivo ao adicionar nanofitas de grafeno, que funcionam como suporte para o crescimento de neurônios.
“Minha motivação é a reparação da medula espinhal. Se isso funcionar, ela terá enorme aplicação para lesões na coluna vertebral”, disse o pesquisador James Tour. “Mas, nós pensamos que, se você estiver trabalhando no sentido de um transplante de cabeça, vai precisar disso, então vamos ajudá-lo”.
Os cientistas sul-coreanos envolvidos, da Universidade de Konkuk, trabalharam com o novo tipo de PEG em cinco ratos. No entanto, quatro deles acabaram morrendo em uma inundação que ocorreu no laboratório antes que pudessem ser analisados. O rato sobrevivente mostrou um ligeiro movimento dois dias após a cirurgia. Dentro de duas semanas, conseguiu recuperar os movimentos, o que incluía se apoiar sobre os membros posteriores e se alimentar.
Em um vídeo divulgado pela New Scientist, o resultado da experiência no cachorro é mostrado. É dito que, três semanas após a cirurgia – em que sua medula espinhal quase completamente cortada – ele ainda foi capaz de andar. Os pesquisadores ainda disseram que, após três dias, um movimento mínimo foi observado e que duas semanas depois, o animal era capaz de caminhar com as patas dianteiras.
Os resultados, no entanto, não convenceram muitos cientistas. “O cão é um relato de caso, você não pode aprender muito de um único animal sem quaisquer controles”, disse Jerry Silver, um neurocientista de Ohio. “Eles afirmaram ter cortado 90% do cordão cervical, mas não há evidências disso no estudo, apenas algumas imagens brutas. Logo, segundo ele, os documentos apresentados não suportam a teoria a ponto de avançá-la para testes em seres humanos. ”
De qualquer maneira, Canavero parece estar a todo vapor e, sendo isso bom ou ruim, em 2017 de fato poderemos ver um transplante de cabeça sendo realizado. O único desejo é que, assim como um cientista previu, a cobaia não tenha um destino “consideravelmente pior do que a morte”. [ Science Daily ] [ Foto: Reprodução / Science Daily ]
Nenhum comentário:
Postar um comentário