Agentes já prestaram depoimento, perderam suas armas, e vão ser investigadas
Policiais invadiram a casa e estavam armadosFoto: Reprodução / Divulgação / Leonardo Thomé / leonardo.thome@horasc.com.br
A noite de sábado foi de terror para sete pessoas de uma família de Biguaçu. Pelas imagens das câmeras de segurança do estabelecimento comercial, que também é casa das vítimas, dá para ver dois policiais civis, de folga, invadindo a propriedade armados,agredindo homens e mulheres, efetuando disparos de arma de fogo – um deles acertou o pé de um jovem de 19 anos — e fugindo antes da chegada da Polícia Militar(PM) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Segundo a família, o estopim para o início das agressões foi um pedido para que que a dupla parasse de urinar no portão.
— Eles começaram a mijar no portão e pedimos para fazerem em outro lado, que ali era uma casa de família. Foi quando eles se revoltaram, pularam a grade, arrombaram uma porta e agrediram todo mundo, meu marido, meu filho, minha nora, eu, todos foram agredidos. Além disso, eles deram vários tiros dentro de casa. Um horror passar por isso. E o pior é que a todo momento eles diziam que eram policiais — afirma Valsilva Simones, 50 anos, uma das pessoas que testemunhou a violência dos policiais.
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o caso. Já a Corregedoria da Polícia Civil deu início a uma sindicância preparatória para instaurar um processo administrativo contra os policiais Fábio Carminatti da Silva e Isaías Oliveira da Silva. Eles foram afastados de suas funções nesta segunda-feira, ao terem recolhidas as carteiras funcionais e armas, patrimônio do Estado utilizado pelos agentes que teriam sido usados nas agressões feitas contra a família que mora às margens da marginal da BR-101, no bairro Vendaval.
Foto: Reprodução / Divulgação
Fábio é lotado na 1° Delegacia de Polícia de São José, enquanto Isaías _ que teria sido o autor do tiro no pé de um jovem de 19 anos _ é lotado na Divisão de Investigação Criminal (DIC), também em São José.
Fábio e Isaías estavam com outra pessoa dentro de um Renault Duster, branco, que ficou estacionado em frente à empresa de guincho da família Simones. A Polícia Civil trabalha para identificá-lo. Quando a ambulância da Autopista Litoral Sul chegava para levar o filho de Valsilva — atingido por um tiro no pé _ ao hospital, os policiais e seu amigo fugiram. A PM e a PRF fizeram buscas na tentativa de prender os policiais em flagrante, mas eles não foram localizados.
A reportagem não conseguiu identificar os advogados de Fábio e Isaías e nem teve acesso a eles. Em depoimento à Polícia Civil, no inquérito que apura as agressões, os policiais prestaram depoimento sem a presença de defensores, afirmou à reportagem o delegado Alan José de Amorim.
"As imagens falam por si", diz corregedora da Polícia Civil
A delegada Sandra Mara Pereira, corregedora da Polícia Civil, explica que nesta segunda-feira foi instaurada uma sindicância preparatória, que apura os fatos e servirá de base para a instauração de um procedimento administrativo contra os policiais civis Fábio e Isaías. As armas e carteiras funcionais dos dois também já foram recolhidas, bem como o afastamento de ambos de suas funções. A sindicância que apurará a conduta dos policiais deve levar cerca de 60 dias para ser concluída. Até lá, eles continuam recebendo os salários normalmente. Ao fim da investigação interna, podem ser expulsos da Polícia Civil.
— Eu tenho as imagens, mas também preciso dos depoimentos das sete vítimas, o que está acontecendo neste momento (segunda-feira à tarde). Nós temos um inquérito policial para apurar o crime, e a sindicância para apurar as transgressões disciplinares dos policiais. O pedido de afastamento já foi determinado, mas até amanhã (terça-feira) a portaria com o afastamento deles deve ser publicado no Diário Oficial do Estado — narra Sandra, para quem "as imagens falam por si".
Local invadido pelos policiais ficam em Biguaçu / Foto: Reprodução / Divulgação
Entre os crimes que podem ser configurados no inquérito policial estão invasão de domicílio, ameaça, lesão corporal e até tentativa de homicídio. Sobre o porquê os policiais não foram presos, Sandra expõe que eles fugiram, pois a PM e a PRF tentaram prendê-los em flagrante, mas o prazo de 24 horas para o flagrante foi extrapolado.
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