Segundo um relatório publicado no dia 10 de agosto no New England Journal of Medicine, um homem não identificado de 57 anos foi parar em uma sala de emergência após relatar um inchaço em uma das extremidades do corpo. Os médicos descobriram que os sintomas tinham uma causa rara: uma câmara muito alargada em seu coração.
De acordo com informações da Live Science, os exames de imagens revelaram que o paciente tinha o que a medicina descreve como “átrio direito gigante”. Basicamente, o átrio direito é uma das quatro câmaras do coração. Devido ao alargamento, o homem possuía um “índice cardiotorácico” de 0,82.
De acordo com o cardiologista Dr. David Majdalany, diretor da Cleveland Clinic, em Ohio, EUA, que não estava envolvido no caso, o índice cardiotorácico é a medida da largura do coração em comparação com a largura do peito. Em outras palavras, o coração do paciente estava ocupando 82% da largura de sua cavidade torácica. Para efeito de comparação, uma proporção normal é inferior a 0,5, o que significa que o coração deve ocupar menos que 50% da largura do peito. Logo, o caso do homem foi considerado extremamente raro.
O átrio direito do coração é responsável por receber o sangue que retornou de sua viagem por todo o corpo. A partir dele, o sangue é bombeado para dentro da câmara inferior do coração, chamada de ventrículo direito, e posteriormente enviado para os pulmões para receber oxigênio, segundo Majdalany em entrevista para a Live Science.
No caso do paciente, os médicos suspeitaram que ele já tenha nascido com a condição. Porém, certos problemas cardíacos também podem resultar na ampliação do átrio. Por exemplo, condições que causam o envio excessivo de sangue para o átrio podem levar ao alargamento. Isso ocorre porque a câmara começa a abrir mais espaço para acomodar o volume extra de sangue.
Há ainda problemas que envolvem as válvulas do coração, como tricúspide em vazamento, estreita ou até mesmo uma válvula pulmonar – um buraco localizado entre as câmaras do coração que drena sangue para o átrio direito. Quando há excesso de fluído sanguíneo, há um aumento de pressão no átrio, o que causa o alargamento da câmara.
Quando o átrio direito é ampliado pela alta pressão, o sangue não consegue ser bombeado de forma eficaz para o coração, o que pode causar acúmulo e inchaço nas extremidades inferiores, tal como no paciente citado. Esse fato também pode causar inchaço em outras partes do corpo. Uma vez que o átrio direito recebe o sague a partir de todo o resto do corpo, a redução do fluxo de sangue nos vasos, incluindo as veias das pernas, pode resultar no crescimento dos membros.
Outro problema que ocorre com o fluxo sanguíneo retardado, segundo o médico, é o risco de formação de coágulos. Quando o sangue não está se movendo de forma normal, é bem provável que ele coagule nas pernas ou no átrio direito, podendo viajar até os pulmões ou cérebro – causando um acidente vascular cerebral.
Segundo Majdalany há diferentes abordagens para tratar uma pessoa com o átrio direito alargado e depende dos sintomas apresentados e o que causou o problema. Por exemplo, se a condição foi causada por um problema na válvula e há fluxo de sangue em excesso, os médicos podem reparar a válvula ou corrigir a rota do sangue. Em alguns casos, os cirurgiões também podem tentar reduzir o tamanho do átrio.
Já no caso do paciente relatado, os médicos que cuidaram de sua condição não realizaram cirurgias. Ele teria sido tratado com anticoagulantes para prevenir a formação dos coágulos, e até o ano passado não demonstrou ter piorado, segundo o relatório. [ Live Science ] [ Foto: Reprodução / The New England Journal of Medicine ]
Nenhum comentário:
Postar um comentário