Delator da Operação Lava Jato, o ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) relatou em audiência ao juiz Sergio Moro que algumas CPIs só “aparecem em época de eleição”, para que seja feito “algum tipo de negociação”.
“O que se negociava eram doações”, afirmou o antigo parlamentar. “Trocavam doações para as eleições, em se convocando ou não para depor determinadas pessoas. Isso não é um fato isolado.”
Delcídio, que foi líder do governo de Dilma Rousseff (PT) até ser preso, em novembro do ano passado, depôs como testemunha de acusação num processo contra Gim Argello (ex-PTB-DF).
Ex-senador e preso pela Lava Jato, Argello é acusado de cobrar propina de empresários para não convocá-los para a CPI da Petrobras, em 2014, da qual foi vice-presidente. Ele nega irregularidades.
“Isso não é um fato isolado. Existem antecedentes [de CPIs] em que houve algum tipo de negociação”, disse Delcídio. Ele lembrou que, em 2010, o Congresso já havia realizado uma CPI da Petrobras. “Engraçado: coincidentemente, em ano de eleição.”
O ex-senador, que pediu desfiliação do PT em março, também presidiu a CPI dos Correios, em 2005, que investigou o mensalão.
Sobre essa comissão, porém, que concluiu pela existência do pagamento de propina pelo PT e disse que havia uma “farsa para mascarar a origem dos recursos”, ele não fez referência. Disse que o relatório foi concluído e votado “de uma forma extremamente difícil, com xingamento”. *Folha
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