Lula pediu relação de processos em que teve o nome citado (Foto: Nelson Almeida/AFP)
A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao juiz Sérgio Moro uma certidão em que conste todos os processos que envolvam o nome de Lula na 13ª Vara Criminal de Curitiba, onde tramitam as ações da Operação Lava Jato.
A solicitação foi protocolada nesta terça-feira (8) nos autos de investigação da 24ª fase da operação.
Os advogados querem que na certidão constem “todos os processos, procedimentos ou incidentes vinculados ao presente feito ou não, em regime de sigilo ou não”, que envolvam nome de Lula, “em nome do Princípio da Ampla Defesa”. O juiz Sérgio Moro não havia se manifestado sobre o pedido até a última atualização desta reportagem.
Investigação
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Lula está sendo investigado porque há indícios de que ele recebeu dinheiro desviado da Petrobras por meio da execução de reformas em um apartamento triplex em Guarujá (SP) e no sítio de Atibaia (SP).
Os procuradores ressaltaram ainda que há evidências de que o petista recebeu móveis de luxo nos dois imóveis e teve a armazenagem de bens em uma transportadora bancada pela construtora OAS, uma das empreiteiras investigadas na Lava Jato.
Também são alvo de investigação pagamentos que passam de R$ 30 milhões para o Instituto Lula e para a empresa de palestras do ex-presidente.
Defesa
Na segunda-feira (7), a Polícia Federalinformou ao juiz Sérgio Moro que, ao ser interrogado, Lula fez diversas referências a um documento em que nega ter ocultado patrimônio em Guarujá.
O documento, que foi protocolado no processo de investigação, tem o mesmo conteúdo denota divulgada no fim de janeiro pelo Instituto Lula para negar que o ex-presidente é dono de um triplex no litoral paulista.
O documento explica como a esposa de Lula, Marisa Letícia, fez a aquisição de cotas de um projeto da Bancoop, cooperativa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, no edifício que à época chamava-se Mar Cantárbico.
A cooperativa se tornou insolvente e transferiu imóveis inacabados para a construtora OAS, dentre eles o prédio em Guarujá, que passou a se chamar Solaris.
O texto diz que a família do ex-presidente Lula investiu R$ 179.650,80 na compra da cota, que foi declarada à Receita e ao Tribunal Superior Eleitoral, segundo a assessoria do petista.
"Quando o empreendimento Mar Cantábrico foi incorporado pela OAS e passou a se chamar Solaris, os pagamentos foram suspensos, porque Marisa Letícia deixou de receber boletos da Bancoop e não aderiu ao contrato com a nova incorporadora", afirma o Instituto Lula.
O Instituto Lula afirma, ainda, que o ex-presidente visitou o apartamento de número 164-A acompanhado de sua esposa e do então presidente da OAS, Léo Pinheiro, preso na Operação Lava Jato.
"Lula e Marisa avaliaram que o imóvel não se adequava às necessidades e características da família, nas condições em que se encontrava. Foi a única ocasião em que o ex-presidente Lula esteve no local", diz a nota.
'Boatos'
O Instituto Lula também afirma na nota que a família de Lula desistiu de utilizar a cota para adquirir um dos imóveis disponíveis no condomínio porque "as notícias infundadas, boatos e ilações romperam a privacidade necessária ao uso familiar do apartamento".
"A família do ex-presidente Lula solicitou à Bancoop a devolução do dinheiro aplicado na compra da cota-parte do empreendimento, em 36 parcelas, com um desconto de 10% do valor apurado, nas mesmas condições de todos os associados que não aderiram ao contrato com a OAS em 2009", afirma a assessoria.
A devolução do dinheiro aplicado à família do ex-presidente, segundo o instituto, ainda não começou a ser feita.
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