A presidente Dilma Rousseff divulgou nota na tarde desta terça-feira em que classifica como uma "iniciativa pessoal do ministro Aloizio Mercadante" a tentativa de comprar o silêncio do ex-líder do governo no Senado Delcídio do Amaral (MS). Conforme revelou VEJA, em seu acordo de delação, Delcídio acusou Mercadante de lhe oferecer ajuda financeira, política e jurídica em troca de seu silêncio. As conversas foram gravadas e os áudios foram divulgados por VEJA.com. "A presidente da República Dilma Rousseff repudia com veemência e indignação a tentativa de envolvimento do seu nome na iniciativa pessoal do ministro Aloizio Mercadante, no episódio relativo à divulgação, feita no dia de hoje, pela revista VEJA", diz curta nota do Planalto. Não há no texto sequer uma palavra de censura à tentativa de obstrução da Justiça. Horas antes, Mercadante concedeu entrevista coletiva para blindar a chefe. Ele disse que assumiu para a presidente ter procurado o assessor de Delcídio. "A responsabilidade é totalmente minha", disse o ministro. Mercadante afirmou que não pretende se afastar do cargo e que espera convocação do Congresso Nacional para se explicar. "Enquanto tiver confiança da presidente eu ficarei", afirmou. Mercadante também disse que está à disposição do Ministério Público Federal e do Supremo Tribunal federal. Mercadante negou ter procurado ministros da Suprema Corte - nos áudios, porém, ele cita uma conversa com o presidente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski. À imprensa, o ministro da Educação ainda se eximiu de assumir qualquer erro e declarou preferir "continuar assim". "Eu espero que esse país valorize a solidariedade, o companheirismo, o gesto de generosidade, de caridade com as pessoas num momento de tragédia pessoal", afirmou. "Espero que não prevaleça sobre isso a tentativa de induzir uma conversa para onde o seu interlocutor não quer e de tratar de assuntos que eu me neguei a tratar", continuou Mercadante. Ex-chefe da Casa Civil do governo Dilma, atual titular da pasta da Educação e um dos ministros mais próximos da presidente, Mercadante prometeu dinheiro e ajuda para que Delcídio deixasse a prisão e escapasse do processo de cassação de mandato no Senado. Em contrapartida, pede a Delcídio que não "desestabilize tudo" com sua delação. O ministro não tratou diretamente com o senador, que já estava sob a custódia da polícia, mas com um assessor da estrita confiança de Delcídio, José Eduardo Marzagão. Os dois se reuniram duas vezes no gabinete de Mercadante no ministério. As conversas foram gravadas por Marzagão e entregues à Procuradoria-Geral da República por Delcídio, que, em depoimento formal, disse que o ministro agira a mando de Dilma. Com essa observação, acusou o ministro e a presidente de tentar comprar o silêncio de uma testemunha, obstruindo o trabalho da Justiça. Era o acerto de contas de Delcídio com os senhores que lhes viraram as costas. "Me senti pressionado pelo governo", disse ele aos procuradores. (Veja)
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