“Abandonado por Deus”. É assim que Joseph Blatter definiu seu sentimento após os escândalos de corrupção naFifa virem à tona. O ex-presidente da entidade que regula o futebol mundial concedeu entrevista ao jornal francês L’Equipe, onde relata alguns detalhes do processo de investigações do FBI.
Na publicação, Blatter assume que pensou em deixar o cargo às vésperas de ser reeleito no 65º Congresso da Fifa. Foi justamente neste período que sete dirigentes da entidade foram presos pelo FBI no Hotel Baur au Lac, um dos mais luxuosos de Zurique, na Suíça. Para o ex-presidente, aquele episódio foi “um atentado”.
“Eu ainda estava em casa quando, às 6h10, ouvi a notícia. Fiquei muito chocado e quando cheguei ao meu escritório alguém me disse que seria o próximo. Tinha a sensação de ter sido abandonado. Naquele dia pensei: ‘o bom Deus me abandonou’. Quando algo assim cai sobre a sua cabeça é terrível. Parecia que tudo estava desmoronando. Senti raiva e tristeza. Este dia foi um divisor de águas na minha
vida, um dia para se esquecer”, comentou.
Joseph Blatter enxerga que todas as investigações executadas pelos Estados Unidos contra a corrupção na Fifa têm um motivo: a escolha do Catar para sediar a Copa de 2022. Para o ex-dirigente, se os norte-americanos tivessem sido eleitos para abrigarem o Mundial, os “ataques” não teriam acontecido.
“Se os Estados Unidos tivessem sido eleitos, os norte-americanos não teriam razões para atacar a Fifa, já que teriam o Mundial e eu iria finalizar meus quatro últimos anos de mandato de maneira tranquila”, declarou.
Blatter também explicou o motivo de sua renúncia. Segundo ele, sua saída da Fifa não foi para salvar a sua imagem, mas a imagem da entidade. O ex-dirigente enxerga que a reputação da Fifa ficou vinculada a de uma máfia e por isso acabou colocando seu cargo à disposição.
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