Depois de se recusar, estranhamente, a demitir a presidente da Petrobras, Graça Foster, contra todas as recomendações que lhe foram feitas por correligionários do PT e até por Lula, a presidente Dilma Rousseff parece ter mudado de ideia e decidido finalmente defenestrá-la. JOSÉ FUCS http://epoca.globo.com/
Não que Dilma tenha finalmente se convencido de que a permanência de Graça Foster no cargo tornou-se um empecilho para ela dar a volta por cima do escândalo que abalou a Petrobras e chacoalhou o seu governo. Mas sim porque Graça resolveu deixar de lado o papel submisso que desempenhou durante toda a crise na companhia.
De repente, porém, Graça Foster surpreendeu a todos e desafiou a chefe e os caciques petistas, ao anunciar na semana passada uma redução de R$ 88 bilhões (!!!) no valor dos ativos imobilizados da Petrobras, equivalentes a mais de três vezes os gastos anuais do Bolsa Família.
Provavelmente, ao manter Graça no cargo, Dilma imaginava que ela continuaria a ser uma espécie de escudo para o governo, como aconteceu durante a campanha eleitoral e em seu depoimento à CPI da Petrobras, em meados de 2014, no Congresso Nacional. Só que Graça, vendo a sua reputação descer ralo abaixo, parece ter optado por tentar salvar o próprio nome, tanto quanto isso seja possível nesta altura do campeonato, ao reconhecer a extensão das problemas contábeis que afetaram a Petrobras nos últimos anos.
Embora os investidores tenham reagido com euforia à virtual saída de Graça Foster da presidência da Petrobras, provocando uma alta de 15% nos papéis da empresa nesta terça-feira, o curioso é que, ao final, ela poderá deixar o comando da empresa pelo que fez de certo e não pelo que fez de errado.
Se a sua demissão se confirmar, o difícil será encontrar um abnegado ou uma abnegada que aceite assumir o pepino – uma missão que teria sido confiada por Dilma ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Só mesmo um executivo kamikaze aceitaria o comando de uma empresa como a Petrobras, em meio à série de escândalos que atinge a companhia, envolvendo não só as grandes empreiteiras mas os partidos políticos da chamada “base aliada”, em especial o PT.
Além de enfrentar os "aliados" que aparelharam a Petrobras, quem aceitar o cargo precisará ter estômago para trabalhar sob a batuta de Dilma, cujo estilo pitbull é conhecido por todos que interagiram com ela desde os tempos em que esteve à frente do Ministério das Minas e Energia, no primeiro governo Lula. O problema é que, neste caso, nem o tal adicional de insalubridade, devido pela Petrobras a seus trabalhadores de campo, parece suficiente para compensar o mau humor da chefe no dia a dia. Graça Foster que o diga.
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