A cidade de Campina Grande ganhou mais um integrante na Primeira Divisão do Campeonato Paraibano. Além dos tradicionais Campinense e Treze, o Sport Campina debutará na elite estadual no próximo dia 13, segunda-feira, contra o Queimadense. Quando o árbitro der início ao jogo, o campo do Amigão estará recebendo um milagre do futebol, na visão dos próprios dirigentes, já que o Sport Campina obteve o acesso sem nunca ter vencido uma partida oficial em sua história.
Existente há mais de 20 anos como projeto social, o Sport Club Campina Grande se profissionalizou em 2012 e participou das duas últimas edições da Segunda Divisão do Paraibano. Em 12 jogos, perdeu todos, com 48 gols sofridos e apenas quatro marcados - na edição de 2013 do torneio, nenhum jogador do time conseguiu empurrar a bola para a rede dos adversários.
Com esse retrospecto, como chegou à Primeira Divisão? Na verdade, era uma das poucas soluções para o torneio acontecer. Por regulamento, a Federação Paraibana de Futebol precisa organizar o Estadual com pelo menos dez clubes. Nacional e Esporte (campeão da Segundona em 2013) desistiram de jogar o campeonato deste ano. Sport Campina e Queimadense foram as opções que restaram para preencher as vagas. As agremiações toparam e tiveram as participações aprovadas em assembleia, no fim de novembro.
"É uma bênção de Deus", resumiu Jesimiel Ferreira, presidente do Sport Campina, ao iG Esporte. "A gente não se preparou como deveria para a elite porque não teve tempo, mas já que apareceu a oportunidade decidimos topar. Tinha a opção de não aceitar, mas se a gente não aceitar desafios dificilmente vai conseguir algo na vida", completou o dirigente, que também atua como jornalista, mas na área política, em Campina Grande.
Divulgação/Sport Campina apresentou o elenco que jogará o Campeonato Paraibano de 2014
Como o projeto social ainda existe, o Sport Campina sempre utilizou jovens jogadores, tanto que é o atual vice-campeão paraibano na categoria sub 17. "Em 2013, a média de idade do nosso elenco era de 17 anos", ressaltou Ferreira. Para jogar a Primeira Divisão, no entanto, está buscando experiência para o elenco, como o atacante Luciano Paraíba, de 38 anos, e o volante Roquelan, de 37. Entre as pratas da casa está o meia Rodrigo Nascimento, de 17, filho do atacante Marcelinho Paraíba, ex-São Paulo e Grêmio. Além disso, o clube tem de bancar as viagens e os custos das partidas em casa. "Na Paraíba, o mandante já entra em campo devendo de R$ 800 a R$ 1.000. Nosso investimento, que é muito pequeno porque somos um clube pobre, aumentou 500%", avisou o presidente, que disse não saber para quanto subiu a folha de pagamento.
O Sport Campina pode não ter recursos, mas conta com muita ajuda. Uma academia local cede o espaço para atividades, enquanto a Universidade Federal de Campina Grande faz os exames físicos do elenco. Como não tem estádio nem centro de treinamento próprios, a preparação é feita na Vila Olímpica Plínio Lemos. Por ser um espaço publico, é normal os jogadores treinarem com animais e crianças circulando pelo campo, bastante irregular e quase sem grama. Os clubes locais também colaboram com emprestímo de jogadores e parcerias nas categorias de base. "Justiça seja feita, mas os três maiores da Paraíba (Botafogo, Campinense e Treze) estão dando apoio, não tem rivalidade, só dentro de campo. O objetivo é ser parceiro", explicou Jesimiel.
Ser fruto de um projeto social para encaminhar adolescentes com talento para jogar bola a outros centros faz do Sport Campina um clube carismático na Paraíba. "As pessoas simpatizam pelo objetivo que temos, e não pelos resultados. Nossos jogos têm média de mil pessoas no estádio", afirmou Jesimiel Ferreira. Desta forma, na base da simpatia, o presidente almeja chegar à semifinal do Campeonato Paraibano e, quem sabe, pleitear uma vaga na Série D do Brasileiro. "Já que tivemos essa chance, não custa sonhar."
Novo Íbis?
A insólita trajetória do Sport Campina até a divisão de elite da Paraíba gerou inevitáveis comparações com o Íbis, clube de Pernambuco elevado ao posto de pior time do mundo na década de 1980 por ficar quase quatro anos sem comemorar uma vitória, além de registrar 23 derrotas consecutivas.
Candidato a saco de pancadas do futebol paraibano em 2014, a alcunha de "novo Íbis" não irrita o presidente do Sport Campina. "Não incomoda porque nosso objetivo sempre foi o de vitrine para novos jogadores, e não vencer. O projeto social dá chances a atletas da região aparecerem", explicou Ferreira, que citou uma passagem de Hulk, atacante do Zenit (RUS) e da seleção brasileira, nascido em Campina Grande, pelo clube antes de chegar às categorias de base do Vitória.
Início conturbado
Se mais nenhuma anormalidade acontecer, o Campeonato Paraibano de 2014 tem início neste domingo. Isso porque quatro estádios ainda não conseguiram liberação do Corpo de Bombeiros e do Ministério Público, que se reúnem nesta quarta-feira com a federação local para garantir que as partidas sejam realizadas com segurança. A primeira rodada seria no dia 5 de janeiro, mas foi adiada.
Oito times disputam a primeira fase do Estadual. Botafogo-PB e Treze entram apenas no returno, pois jogarão a Copa do Nordeste. http://esporte.ig.com.br/
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