Como uma árvore que possui galhos finos e altos, quase escondidos, o pulmão de pelo menos 90 sobreviventes do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, ainda tem áreas intocadas e infectadas pela fuligem da fumaça tóxica. Essas dezenas de pacientes continuam a preocupar profissionais dos centros de medicina do Rio Grande do Sul um ano após a tragédia que deixou 242 mortos e mais de 600 feridos. Por isso, equipes multidisciplinares se dividem para atender, tratar e evitar sequelas.
A figura de uma árvore invertida é o melhor exemplo que o pneumologista Hugo Oliveira encontra para desenhar o pulmão dos feridos. Segundo ele, além dos 90 casos mais graves, principalmente de jovens que estiveram internados em Centros de Tratamento Intensivo, 48 outros sobreviventes continuam a frequentar seu consultório no Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
É lá que o broncoscópio, um equipamento usado para examinar o órgão, entra em ação. Pelo menos uma vez por mês, os sobreviventes passam pela avaliação usando a tecnologia que permite realizar exames e enxergar as ramificações do pulmão.
"Usamos o broncoscópio flexível para o tratamento. Através do nariz ou boca, ele consegue visualizar as vias aéreas e os brônquios do pulmão. Em um primeiro momento usamos uma substância para soltar a fuligem que se aglomerou nos brônquios", explica Oliveira, reiterando que o procedimento chegou a ser realizado até oito vezes no mesmo dia em um único paciente.
Ao lado de sua equipe, o gaúcho se tornou referência no tratamento dos feridos no incêndio. Pela experiência inédita, teve de buscar informações com colegas médicos argentinos. O incêndio em uma boate de Buenos Aires na década de 1990 serviu de base para as primeiras decisões médicas.
Segundo o médico, o pulmão possui 21 divisões, e o broncoscópio não consegue chegar nas áreas mais profundas. "A gente chega até a sétima, oitava divisão. Depois disso os brônquios vão ficando cada vez menores. Para liberar isso [a fuligem] é preciso fazer fisioterapia, usar remédios e ir eliminando ao longo dos meses", pontua o médico. Fonte: Com informações do G1 / Por: Apoliana Oliveira / http://180graus.com
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