do BOL, em São Paulo
Há três anos, São Luís, no Maranhão deixou de ser um local em que traficantes isolados negociavam drogas e tornou-se um território de disputa de facções apoiadas por organizações criminosas de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, o resultado da guerra entre os dois grupos maiores, o PCM (Primeiro Comando do Maranhão) e Bonde dos 40 é um rastro de mortes nas ruas e dentro do presídio de Pedrinhas, o maior do Estado, onde 62 presos morreram desde 2013.
O cenário de violência cresce diante da infraestrutura frágil, falta de agentes de segurança e de investimento público.
O PCC (Primeiro Comando da Capital) paulista e o Comando Vermelho no Rio atuam de forma indireta no Maranhão. "Eles fazem uma espécie de convênio: 'Quem fornece a droga para vocês [facção local] sou eu'", revelou o subdelegado-geral do Maranhão, Marcos Afonso Júnior, ao jornal. "E com isso vem o armamento e a experiência que eles têm."
O PCM é mais antigo e numeroso, formado por presos transferidos do interior para Pedrinhas. Surgiu há dez anos, mas se consolidou há cerca de três. Copiou o nome do "padrinho" PCC, de quem recebe a droga.
Mas, foi apenas em 2010, quando detentos maranhenses foram transferidos para presídios federais, que o crime se organizou em São Luís. Nas penitenciárias de segurança máxima, chefes do Primeiro Comando do Maranhão tiveram contato com os do PCC. Da mesma forma, presos de São Luís sem facção conheceram o modo de agir do CV.
Há três anos, surgiu o Bonde dos 40, para se opor ao PCM. Os chefes do Bonde foram os primeiros a intimidar traficantes da capital maranhense, disseminando medo. De acordo com a Folha, a maioria das decapitações nos motins é atribuída a eles.
Pedrinhas abriga ainda outras duas facções, os Anjos da Morte, que são os mais temidos pela selvageria, e os Mensageiros do Inferno. Enquanto o Bonde decapita e esfaqueia, os Anjos esquartejam. Há relatos inclusive de canibalismo: em motim em dezembro, eles teriam comido o fígado de um morto.
Um ex-preso, testemunha de rebelião de outubro em Pedrinhas, chegou a contar: "Um senhor estava sentado com a Bíblia na mão quando pegaram ele. Morreu com 40 perfurações. Desfiguraram o rosto. Abriram o peito e tiraram o coração, cortaram braço e perna". (Com informações da Folha de S.Paulo)
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