247 – Em 2005, Marcos Valério estava acuado, prestes a depor na CPI dos Correios, quando uma nota discreta foi publicada no jornal Estado de Minas. Falava da conta bancária Dusseldorf, do empresário Duda Mendonça, que fez a campanha de Lula à presidência da República. Valério, que era um dos grandes operadores da publicidade oficial, tinha as contas bancárias não apenas de Duda, como de vários outros publicitários brasileiros. Mas decidiu implodir apenas Duda Mendonça.
Quando Duda foi à CPI, o Brasil viveu seu momento de maior tensão. Publicitário consagrado, que havia sido capaz de eleger Paulo Maluf para a prefeitura de São Paulo e, em 2002, de suavizar a imagem do PT, criando a figura do “Lula paz e amor”, Duda decidiu abrir o coração diante dos parlamentares. Disse que recebeu parte do pagamento pela campanha do PT em 2002, o equivalente a R$ 10,2 milhões, numa conta fora do Brasil. “Um equívoco, um lapso, um erro fiscal. Mas não cometi um erro sério, um erro de honestidade, um erro de caráter”, disse ele.
Naquele momento, assessores próximos ao ex-presidente Lula, como o ex-ministro Antonio Palocci, previram o impeachment e sugeriram a hipótese de renúncia, para que o fim não fosse semelhante ao de Fernando Collor. Reunida no gabinete do ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e aconselhada por Fernando Henrique Cardoso, a oposição decidiu tomar outro rumo. O melhor a fazer era “deixar Lula e o PT sangrarem”. Oposicionistas temiam que o PT colocasse movimentos sociais nas ruas, criando um ambiente de radicalização política no Brasil.
Como se sabe, Lula estancou a ferida, foi reeleito e terminou como o presidente mais aprovado da história do País. Fez sua sucessora que, hoje, tem grandes chances de reeleição. E a oposição encolhe a cada dia – o DEM, por exemplo, é um partido em extinção.
Apesar disso, Duda e sua sócia Zilmar Fernandes ainda não prestaram contas à Justiça. Nesta segunda-feira, o ministro Joaquim Barbosa começa a ler seu relatório sobre o capítulo da lavagem de dinheiro. Duda escapa?
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