Mauricio Stycer - do UOL
Visto pela acusação como um artifício para desviar o foco de Lindemberg Alves, a ideia da defesa de colocar em julgamento o papel da mídia no episódio é um aspecto que torna o caso ainda mais interessante. “Quem vai decidir se a imprensa errou serão os jurados”, diz Ana Lucia Assad, advogada do homem acusado de matar a jovem Eloá, em 2008.
A cobertura intensiva do sequestro, acredita a defesa, ajudou a prolongá-lo. Foram mais de cem horas de cárcere privado, ao longo do qual Lindemberg teve acesso ao que era falado sobre ele. Num dos momentos mais dramáticos, deu uma entrevista à jornalista Sonia Abrão, da RedeTV!.
Nesta segunda-feira (13), em seu programa vespertino, Sonia manifestou revolta com a estratégia da defesa. “Foi só através do nosso programa que a mãe da Eloá pôde falar com ela”, disse, numa das muitas manifestações sobre o seu papel no episódio.
A entrevista de Sonia com Lindemberg foi exibida durante o julgamento, a pedido da defesa. “Fico feliz de ter sido útil nesta história”, disse a apresentadora. Ela prometeu exibi-la novamente em seu programa, mas acabou não a mostrando. “Vamos deixar para amanhã”, prometeu.
Por duas horas, com a ajuda de uma promotora, um advogado e um psicólogo, Sonia desqualificou o trabalho da defesa. “Achei muito estranho a advogada do Lindemberg chamá-lo de menino. Ele tem 25 anos”, reclamou.
Parte do programa foi dedicado a explicar por que a apresentadora não deve participar do julgamento na condição de testemunha, como quer a defesa. Sonia pediu a ajuda de seus convidados para justificar por que, do ponto de vista legal, não tem obrigação de comparecer ao tribunal.
Datena: “O julgamento não é da imprensa”
José Luiz Datena, na Band, também falou da estratégia da defesa. “O julgamento não é da imprensa”, bradou. “A defesa está no papel dela. Mas quem está em julgamento é este canalha, este assassino frio e calculista”, disse aos berros, como é do seu estilo.
Diferentemente de Sonia Abrão, Datena afirma ter se recusado a entrevistar Lindemberg durante o sequestro. “Eu me recusei terminantemente a ouvir esse cara. Aqui neste programa ele não fala. Começou a se achar o maior cara do mundo. Por isso não quis ver a cara desse cara, nem ouvir. Um canalha, um bandido.”
Dois filmes em causa
Sonia Abrão também manifestou indignação com a ideia de Ana Lucia Assaf exibir trechos do filme “Sem Vestígios” para os jurados. O policial, protagonizado por Diane Lane, conta a história de um criminoso que expõe suas barbaridades na internet. Quanto maior o número de acessos ao seu site, mais rápido morre a vítima.
A jornalista sugeriu que fosse exibido também o filme “Quarto Poder”, de Costa-Gravas, segundo ela, muito melhor e mais premiado que “Sem Vestígios”. Dustin Hoffman, no papel de um repórter em decadência, manipula o personagem de John Travolta, um ex-segurança, que está mantendo uma mulher em cárcere privado.
Sonia comparou-se a Larry King, que faz uma participação especial, no papel de si mesmo. A certa altura do filme, ele também entrevista o sequestrador e mostra a sua “verdadeira” face.
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