Andréia Martins e Fabiana Nanô -Do UOL, em São Paulo
“Este é um conflito inteiramente político.” A afirmação é de Aldo Sauda, brasileiro que mora no Cairo, sobre a briga entre as torcidas do Al Ahly – a maior do Egito – e Al Massry, ocorrida na última quarta-feira (1º), que deixou 74 mortos e centenas de feridos no estádio de Port Said, norte do país.Sauda estudou Relações Internacionais em São Paulo e, no ano passado, decidiu ir ao Egito para acompanhar de perto as transformações no país. Segundo ele, os torcedores do Al Ahly foram massacrados em plena arena, por estarem na linha de frente da oposição à junta militar que entrou no poder no Egito após a queda do ex-ditador Hosni Mubarak, ocorrida em fevereiro de 2011.
“Quando os torcedores do Al Ahly souberam do massacre, a reação espontânea das pessoas, que se reuniram na porta do clube, foi chamar pela execução do general Tantawi [chefe do Conselho Supremo das Forças Armadas do Egito]. Ninguém nem mencionava a torcida do Massry”, justificou.
Sobre as acusações de que a polícia está por trás do massacre, o brasileiro conta que o prédio do Ministério do Interior – que controla a polícia –foi cercado por manifestantes. “Inclusive, o muro erguido em novembro pela polícia na Mohamad Mahmoud, rua que fica entre a [praça] Tahrir e o Ministério, foi derrubado.”
“A situação no Cairo está muito tensa, principalmente nas redondezas da praça Tahrir”, continua Sauda. As forças de segurança estão reprimindo os protestos de forma violenta, e a conjuntura é incerta. “Ninguém sabe o que vai acontecer, mas acho que a oposição não tem organização suficiente para derrubar a junta”, analisou.
As manifestações que se seguiram ao massacre no Egito já deixaram quatro mortos e mais de 1.500 feridos.
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