O incômodo de injeções ou pílulas diárias em breve poderá se tornar passado para vítimas de doenças crônicas ou outras condições de saúde que requerem medicação regular. Cientistas dos EUA anunciaram ontem ter testado com sucesso o primeiro implante capaz de administrar doses separadas de remédios na corrente sanguínea dos pacientes. Por meio de comunicação sem fio, o aparelho pode ser programado pelo médico para liberar as drogas a intervalos definidos ou só quando ordenado, além de ajustar as doses de acordo com a resposta do organismo ao tratamento, que também pode envolver múltiplas substâncias. Até agora, os implantes do tipo podiam fornecer um único remédio de forma regular aos doentes.
"Os pacientes ficam livres de ter que lembrar de tomar a medicação e da dor das injeções múltiplas, enquanto os médicos poderão facilmente ajustar a terapia usando um computador ou até um telefone celular", diz Robert Farra, presidente da MicroCHIPS, empresa que desenvolveu o implante, e coautor de artigo sobre o teste, publicado na revista “Science Translational Medicine” e apresentado na reunião anual da Sociedade Americana para o Progresso da Ciência, que começou ontem em Vancouver, no Canadá.
O implante foi experimentado em sete mulheres de 65 a 70 anos que sofriam de osteoporose, a perda gradual de cálcio que enfraquece os ossos e aparece principalmente na menopausa. Por meio do aparelho, elas receberam um medicamento destinado a controlar a condição por quatro meses sem apresentar sintomas de rejeição ou outros efeitos colaterais relacionados ao chip. As pacientes também relataram boa tolerância à presença do equipamento, implantado na altura da cintura num procedimento simples, com anestesia local, em cerca de meia hora, dispondo-se assim a repeti-lo nos 12 meses dos testes.
Segundo Michael Cima, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e um dos idealizadores do sistema, o implante tem a vantagem de praticamente acabar com o problema do não cumprimento dos regimes de tratamento pelos pacientes. Estudos recentes indicam que mais de 50% deles não respeitam as doses e horários de administração dos remédios, com consequências por vezes graves para sua saúde e elevação dos gastos dos sistemas de saúde.
"Este cumprimento é muito importante em vários regimes de tratamento e pode ser muito difícil convencer os pacientes a aceitá-los se eles têm que aplicar injeções em si mesmos", destaca Cima. O implante evita essa questão completamente e aponta para um futuro em que teremos regimes de tratamento totalmente automatizados.
A MicroCHIPS ainda pretende fazer mais aperfeiçoamentos no implante, mas a ideia é pedir sua regulamentação pelas autoridades sanitárias americanas já em 2014, deixando-o disponível para médicos e pacientes no prazo máximo de cinco anos. Entre as melhorias previstas está aumentar para 400 a quantidade de doses que ele pode guardar, permitindo que integre programas de tratamento de longo prazo de doenças como câncer e esclerose múltipla.
"Você poderia literalmente ter uma farmácia em um chip", diz Robert Langer, também professor do MIT e idealizador do equipamento. "Você pode administrar as drogas por controle remoto ou periodicamente e ainda usar várias drogas diferentes."
Outro futuro desenvolvimento previsto para o sistema é associá-lo a sensores também implantados nos corpos dos pacientes que podem monitorar diversos de seus parâmetros físicos, fazendo com que ele libere drogas automaticamente quando necessário.
" O que estamos vendo é a verdadeira aurora da era da telemedicina — acredita Langer." Em algum momento, no futuro, poderemos combinar o chip com sensores para medicar em tempo real e de forma imediata diversos males, como no caso de um infarto, por exemplo.
Já Cima também vê no implante uma nova forma de levar saúde a moradores de comunidades isoladas:
"Podemos vislumbrar o dia em que um único implante poderia carregar as necessidades de vacinação de uma pessoa ao longo de toda sua vida." do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
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