Em carta à presidente Dilma Rousseff, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) criticou a posição da nova ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, que, no passado, defendera publicamente a legalização do aborto. "A igreja defende sempre a vida, desde o começo até o seu termo natural", disse o presidente da entidade, dom Raymundo Damasceno Assis. "Essa é uma questão inegociável", acrescentou.
Em entrevista após o encerramento da reunião mensal do Conselho Episcopal Pastoral (Consep), dom Raymundo informou que não divulgará o teor da carta antes que Dilma a leia, mas disse que a posição da igreja é clara. Segundo ele, a igreja se preocupa com a maternidade precoce e a gravidez indesejável e por isso defende políticas públicas para mulheres em situação vulnerável. "Mas qualquer debate sobre os direitos da mulher não pode excluir os direitos do nascituro", ressalvou.
A CNBB, segundo dom Raymundo, não interfere no direito da presidente escolher seus auxiliares e espera receber a nova ministra para um debate sobre o tema em suas instalações. "A presidente é livre para escolher seus ministros, mas é estranho que logo no início dos trabalhos ela tenha abordado um tema tão discutível", disse. "Há outras questões mais relevantes que precisam ser tratadas pelo governo", acrescentou. Eleonora está em viagem oficial a Genebra e sua assessoria não quis comentar as críticas.
O secretário-geral da entidade, dom Leonardo Steiner, explicou que a declaração da ministra em favor do aborto "incomodou muita gente, não só à CNBB", mas fez uma ressalva. "Ela fez um posicionamento pessoal e depois disse que isso não era a posição do governo". A entidade anunciou também hoje que a campanha da fraternidade deste ano focará o tema "Saúde Pública". A campanha será lançada oficialmente no dia 22 de fevereiro, com a presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Sobre a campanha do governo dirigida a homossexuais no carnaval, que orienta para evitar relações de risco, a CNBB informou que apoia o conteúdo voltado para a saúde pública, mas não a distribuição de preservativos. "É uma obrigação, um dever do estado se preocupar com a saúde dos cidadãos", disse dom Raymundo. "Nós sabemos, pelas estatísticas, que ocorre muito mais transmissão do vírus HIV nos grupos homossexuais", enfatizou. Da Agência Estado
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