Essa coisa do financiamento de veículos está virando uma bolha descomunal no Brasil e quando explodir vai sobrar pra todo o lado.
Explico: O negócio hoje é vender, vender, vender carros novos. Não se negocia mais carros, mas sim contratos, porque o crédito é de longo prazo e o ganho não está na margem do veículo, vendido às vezes a preços de fábrica –o que em uma economia sadia seria impossível, pois as concessionárias tem seus custos, inclusive o frete para levar os veículos até a agência.
Para compensar, o ganho vem do FINANCIAMENTO, através das taxas de REBATE, que é o percentual de comissão que os bancos devolvem para as concessionárias quando financiam um veículo para algum coitado que acreditou na conversa de taxa 0% ou prazo longo.
Como na maior parte das compras um carro usado é dado como entrada, o que acontece é que começam a se avolumar nos pátios carros usados cujo mercado está em queda livre.
Uma das primeiras vitimas foi o setor de locadoras, onde algumas já quebraram porque elas fazem caixa geralmente vendendo as frotas assim que terminam os financiamentos e financiando novos veículos. Como eles compram mais barato (30 a 35% de desconto), acaba sendo uma forma de fazer caixa mais barata que o financiamento bancário.
Acontece que nem elas estão conseguindo desovar satisfatoriamente seus estoques, daí não fazem caixa e não conseguem sobreviver.
Essas financeiras estão indo pro mesmo caminho. Para manter o volume de lucros e quantidade de negócios estão sendo obrigadas a aceitar riscos dos quais passariam longe há apenas 3 ou 4 anos atrás, o que resulta em explosão da inadimplência, que gera mais carros apreendidos e que vão para o mercado secundário, encalhando como os outros e derrubando ainda mais os preços e assim sucessivamente.
Não se vê qualquer possibilidade de reversão desse caso sem a interferência do governo, e quando essa vier, será um desastre para quem tem carro usado, porque a solução será reduzir fortemente os tributos dos novos, fazendo-os CAIR entre 25 e 40% de preço, o que derrubará imediatamente o mercado de usados, possibilitando que o mesmo seja escoado para uma população que hoje não tem acesso.
Aí o governo vai transferir a crise para um setor hoje em alta, que é o das mecânicas de veículos, que atendem essa população. Trocando seus latas-velhas por carros mais novos, que em tese dão menos problemas, essa população vai descartar seus "pois-é" e a quantidade de idas aos mecânicos cair drasticamente, desempregando centenas ou milhares deles, inclusive porque as tecnologias dos carros mais novos e dos mais velhos é diferente e as oficinas populares nem sempre estão capacitadas – e exige-se investimentos para isso— para atender.
Enfim, são ciclos e mais ciclos, crises e mais crises. Por aqui teremos em breve a crise dos automóveis e logo depois a dos cartões de crédito. São bolas cantadas pelo mercado e que vão explodir em breve.
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