Bill Clinton ocupou a Casa Branca de 1993 a 2001. As pesquisas indicam que os americanos guardam boas lembranças dessa época. Eles costumam colocar o democrata Clinton no topo da lista dos presidentes mais populares. A economia teve anos de forte crescimento, estimulada pela onda de novas tecnologias. O desemprego estava em seu nível mais baixo, a inflação contida, e o déficit orçamentário sob controle, a ponto de chegar a haver um ligeiro excedente das finanças públicas. Não se falava em declínio americano, então.
É claro, parte do milagre se devia a uma política monetária permissiva. Tirada da cartola do mágico Alan Greenspan, então presidente do Federal Reserve (banco central americano), ela provavelmente teve sua parte de responsabilidade na bolha de crédito que viria a estourar estrondosamente no outono de 2008. Mas, no meio tempo, houve a presidência do republicano George W. Bush (2001-2009). Ela foi marcada pela volta com força total do refrão liberal, que, à parte o parêntese Clinton, dominou o cenário político americano desde o início dos anos 1980: os Estados Unidos sofriam com o excesso de interferência do Estado; o problema era o governo, e o inimigo eram os impostos.
É claro, parte do milagre se devia a uma política monetária permissiva. Tirada da cartola do mágico Alan Greenspan, então presidente do Federal Reserve (banco central americano), ela provavelmente teve sua parte de responsabilidade na bolha de crédito que viria a estourar estrondosamente no outono de 2008. Mas, no meio tempo, houve a presidência do republicano George W. Bush (2001-2009). Ela foi marcada pela volta com força total do refrão liberal, que, à parte o parêntese Clinton, dominou o cenário político americano desde o início dos anos 1980: os Estados Unidos sofriam com o excesso de interferência do Estado; o problema era o governo, e o inimigo eram os impostos.
George W. Bush foi fiel ao modelo econômico vodu que servia de catecismo ao Partido Republicano: ele aumentou o orçamento do Pentágono, sobretudo após os atentados de setembro de 2001, e ao mesmo tempo reduziu os impostos (enfim, aqueles que pesavam sobre os mais ricos). A dívida subiu, o déficit do orçamento federal estourou. O vice-presidente, Dick Cheney, um dos grandes feiticeiros da contabilidade pública à moda republicana, declarou: “Os déficits não têm importância...”
No final dessa lógica, a da demonização do imposto, do Estado federal e até do próprio conceito de regulação do mercado, houve a tormenta de setembro de 2008. Paradoxalmente, uma parte dos movimentos republicanos reagiu demonizando em excesso o governo. É esse cúmulo de ódio pela própria ideia de governo, encarnado pelo Tea Party, que Bill Clinton tenta combater.
Em seu livro De volta ao Trabalho, lançado em 2011, ele ataca esses trinta anos de ideologia anti-Estado. Embasado por números, ele descreve os estragos resultantes. Para relançar a economia, inverter a tendência do declínio, reencontrar a da inovação e do investimento, ele defende uma ação determinada do Estado: educação, infraestrutura, pesquisa e desenvolvimento - são esses os eixos prioritários, segundo ele, para uma volta dos Estados Unidos.
Bill Clinton reflete sobre os grandes sucessos econômicos dos últimos anos, os dos tigres asiáticos e o da China, acima de tudo. Deles ele tira uma lição: em todos os casos, foi menos o mercado do que uma admirável parceria público-privada que explicou seus desempenhos. Esse centrista defensor do livre-comércio não quer só Estado, mas tampouco quer só mercado. Ele dá aqui uma bela aula de economia política comparada. De http://noticias.uol.com.br/
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