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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Aos 14 anos, garoto com 50% da audição tira nota mil na redação do Enem

Vários elementos na história de Cezar Vitor Vieira Pinheiro, 14 anos, poderiam ter empurrado sua nota na redação do Enem para o grupo de meio milhão de candidatos que tiraram zero: ele ainda não cursa o ensino médio, é de uma região pobre e tem uma deficiência. Mesmo assim, cravou mil, a nota máxima, feito de apenas 250 candidatos.
Filho de uma família de classe média baixa, o pai é comerciante, e a mãe, professora, Cezar faz o 9º ano do ensino fundamental em São Sebastião do Maranhão, cidade com cerca de 10 mil habitantes nas proximidades do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.
Ele estuda em uma escola estadual com nota 4,4 no Ideb, índice nacional de qualidade da educação, abaixo da média do Estado, de 4,7.
Aos três anos de idade, perdeu parte da audição após uma febre alta repentina. Atualmente, sua perda auditiva é de 50% em cada ouvido. Usa aparelho, mas tem dificuldade de falar ao telefone e precisa prestar atenção extra para entender o conteúdo passado por professores.
No ano passado, fez o Enem para testar seu desempenho. Além da redação perfeita, tirou notas acima da média em todas as áreas.
“Sempre fui estudioso e com frequência estou com um livro na mão ou lendo uma reportagem. Vou além do que a escola me dá”, diz.
Uma das suas obras preferidas é o best-seller “A Cabana”, de William P. Young, e um de seus autores nacionais preferidos é Machado de Assis. Gosta de filmes de ação e sobre história.
O estilo nerd, porém, não cola totalmente em Cezar, que se diz “muito vaidoso” e trabalha o cabelo minuciosamente com gel, ao estilo de seu ídolo, o jogador Cristiano Ronaldo, do Real Madrid. “Faz sucesso com a mulherada.”
FUTURO
Daqui a três anos, quando fará o Enem para valer, o tema de redação dos sonhos de Cezar seria “eficácia dos programas sociais”, no ano passado, ele teve que escrever sobre publicidade infantil. Cezar pensa em cursar medicina ou direito. Antes disso, quer fazer o ensino médio em uma escola federal de BH.
“O fato de ter passado por muitos médicos me faz querer ajudar outras pessoas com a medicina. Mas ainda não decidi”, conta o garoto.
O apoio dos pais, a dedicação ao estudo e o amor à leitura são os recursos de Cezar para se sobrepor às dificuldades aparentes que tem para ser um bom aluno.
“Sei muito bem tudo o que tenho de superar e contra o que eu tenho de lutar”, diz.
Para ele, muita gente tira zero na redação porque não se dedica. “Adolescentes se empolgam com as surpresas dessa fase da vida e se esquecem de dividir o tempo entre o lazer e o estudo.” Foto: Alexandre Rezende/Folhapress

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