"Mais de 350 mortos, aproximadamente, não descartamos que seja um pouco mais, mas estamos verificando para dar uma informação oficial e exata dessa tragédia", declarou Bonilla, na penitenciária localizada a 90 km ao norte de Tegucigalpa.
O ministro disse não confirmar nem descartar o número de 366 mortos dado em Tegucigalpa à AFP pelo comissário Nacional dos Direitos Humanos, Ramón Custodio, com base na informação arrecadada por seu pessoal deslocado a Comayagua.
Além disso, Bonilla afirmou que as autoridades constatam se haveria fugitivos entre os cerca de 360 que, segundo afirmou à AFP o porta-voz da polícia, Héctor Iván Mejía, se consideram mortos ou desaparecidos.
"Sabemos que há diversas cifras, mas nós não temos fugitivos confirmados", disse Custodio.
Segundo seus relatórios, entre os mortos haveria um mexicano e um nicaraguense.
Mejía afirmou que na penitenciária de Comayagua havia um total de 852 presos, dos quais 496 foram identificados entre os sobreviventes da tragédia.
O incidente começou às 22h50 locais de terça-feira (02h50 de Brasília na quarta-feira) por causas ainda desconhecidas, e foi controlado pelos bombeiros cerca de três horas depois.
Segundo relatos, alguns detentos que conseguiram escapar das chamas aproveitaram para fugir da prisão pelo telhado.
A área do centro penal está fortemente protegida pelo Exército e a polícia e vários familiares dos presos permaneciam do lado de fora da instituição à espera de notícias.
Diante da demora de informações, cerca de 300 familiares entraram à força na prisão, depois de jogar pedras contra os policiais.
Homens, mulheres e crianças forçaram os portões da prisão e conseguiram fazer recuar os policiais que tentavam controlar a situação disparando para o ar.
Os parentes dos réus expressaram à imprensa presente sua indignação e denunciaram a reação demorada dos bombeiros e das autoridades ante a tragédia.
"Meu irmão Roberto Mejía estava no módulo seis. Disseram que todos desse módulo morreram", declarou Glenda Mejía, muito abalada.
A seu lado, Carlos Ramírez também esperava notícias de seu irmão, Elwin, detido por assassinato e que também se encontrava no módulo seis. "Não nos dizem nada", reclamou muito nervoso.
"Entendemos a dor dos familiares, mas temos que seguir um processo conforme a lei. Pedimos calma a todos. É uma situação muito difícil", declarou Bonilla.
A prisão é um complexo agrícola localizado a 500 metros da estrada que une San Pedro Sula, a capital econômica de Honduras, e Tegucigalpa, centro governamental.
Neste centro penitenciário os detentos se dedicam, entre outras atividades, ao cultivo de hortaliças e criação de porcos.
Em uma mensagem ao país em rede de rádio e TV, o presidente de Honduras, Porfirio Lobo, anunciou nesta quarta-feira o afastamento temporário das autoridades penitenciárias para garantir uma investigação eficaz das causas do incêndio.
Em maio de 2004, mais de 100 presos morreram carbonizados em um incêndio no presídio de San Pedro Sula, devido, segundo as autoridades, a problemas estruturais da prisão.
Honduras conta com 24 estabelecimentos penitenciários com capacidade de albergar 8 mil pessoas, mas a população carcerária ultrapassa as 13.000. Da AFP