por Fernando Duarte / BN
Foto: Ailma Teixeira/ Bahia Notícias
Os “idiotas úteis” parecem estar em um bom número. Ao menos foi o que pareceu nas ruas nesta quarta-feira (15), quando dezenas de milhares de pessoas, das mais diversas matrizes políticas, foram às ruas para tentar defender o resquício de dignidade do ensino público no Brasil. Em Salvador, as perspectivas otimistas dos organizadores chegaram a 24 mil pessoas. É um número relevante, mesmo que seja exagerado. E, acredito eu, os manifestantes não fazem parte de “massa de manobra”, como fez crer o presidente Jair Bolsonaro. Diferente disso, inclusive, talvez tenha nascido uma semente para um novo junho de 2013, ainda que mais tímido.
A principal diferença entre o movimento de cinco anos atrás e o de agora talvez seja certa uniformidade nos protestos. No passado, tudo foi difuso – e confuso. Em 2019, a bandeira da educação parece, de alguma forma, unificar diversos atores que dificilmente se mobilizariam para ir às ruas. Em um primeiro momento, era possível prever a adesão de pessoas ligadas a universidades e institutos federais, principais atingidos pelos cortes de orçamento impostos pelo governo Bolsonaro. O que se viu foi a participação massiva até mesmo de integrantes da rede privada de ensino, algo pouco comum até então.
Caso se mantenha esse nível de coesão, é possível que a pauta gere muito mais resultados práticos do que as mobilizações pré-eleições de 2014, marco para a instabilidade política ainda não superada no país. Admito se tratar de uma perspectiva otimista, porém volta e meia consigo extrair otimismo em meio ao caos, tal qual fiz em junho de 2013. Porém, para que isso aconteça, é preciso que emerja algum tipo de unidade – algo que não aconteceu naquele ano. E aí o alerta acende. Os movimentos sociais seguem sem organização suficiente para encabeçar qualquer tipo de pressão contra o Estado – em todos os níveis de poder.