Imagem de celular divulgada pela agência de notícias France-Presse mostra Kadafi ensanguentado na Líbia.
O tirano tentava escapar em um comboio que foi atacado por forças da Otan. O novo governo anunciou que ele ficou ferido. Pouco depois, confirmou a morte. (Philippe Desmazes/AFP)
Entenda o caso: • A revolta teve início no dia 15 de fevereiro, quando 2.000 pessoas organizaram um protesto em Bengasi, cidade que viria a se tornar reduto da oposição.
• No dia 27 de março, a Otan passa a controlar as operações no país, servindo de apoio às tropas insurgentes no confronto com as forças de segurança do ditador, que está no poder há 42 anos.
• Após conquistar outras cidades estratégicas, de leste a oeste do país, os rebeldes conseguem tomar Trípoli, em 21 de agosto, e, dois dias depois, festejam a invasão ao quartel-general de Kadafi.
• A caça ao coronel continuava intensa. Logo após ele divulgar uma mensagem em que diz que resistirá 'até a vitória ou a morte', os rebeldes ofereceram uma recompensa para quem o capturar - vivo ou morto.
Depois de 42 anos, a era Muamar Kadafi terminou de vez nesta quinta-feira. O novo governo da Líbia anunciou que o ex-ditador, que tomou o poder em 1969 e estabeleceu uma brutal tirania no Norte da África, morreu pouco depois de ser capturado, oito meses depois do início de uma mobilização popular contra seu regime.
De acordo com fontes líbias, ele ficou ferido na ação para prendê-lo.
Uma foto divulgada pela agência de notícias France-Presse mostra Kadafi coberto de sangue.
De acordo com um comandante do Conselho Nacional de Transição da Líbia (CNT), Kadafi foi capturado pelas forças rebeldes em sua cidade natal, Sirte. A informação foi revelada pela primeira vez pela emissora de televisão local Libya lil Ahrar, citando como fonte o Conselho Militar de Misrata. Pouco depois, a rede Al Jazira revelou ter informações de que Kadafi tinha sido morto. A informação foi confirmada em seguida pelo Conselho Nacional de Transição (CNT). Abdel Majid Mlegta, do CNT, afirmou à agência de notícias Reuters que Kadafi foi atingido durante um ataque de forças da Otan contra um comboio de forças do antigo regime. Kadafi tentava fugir escondido no comboio. Ele foi ferido nas duas pernas e também atingido na cabeça. Essa fonte já dava como confirmada a morte de Kadafi. "Houve muitos disparos contra seu grupo e ele morreu", informou Mlegta. Um combatente do CNT disse que, ao ser capturado, Kadafi gritou:
"Não atirem, não atirem."
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Ao fazer o anúncio da prisão de Kadafi, o comandante do CNT disse que ele tinha sobrevivido, mas confirmou que ele tinha sido ferido. "Ele foi capturado e está muito ferido, mas ainda está respirando", afirmava Mohamed Leith.
O representante do CNT afirmou que chegou a ver Kadafi e que o ex-ditador estava vestido com um uniforme cáqui e um turbante.
Também nesta quinta-feira, um médico afirmou que Aboubakr Younès Jaber, ministro da Defesa do regime deposto de Kadafi, foi morto.
Um dos filhos de Kadafi, Mutasim, é morto na batalha final de Sirte
O médico Abdou Raouf afirmou ter identificado o corpo do ex-ministro Jaber, levado na manhã desta quinta para o hospital de campanha de Sirte.
A notícia da captura de Kadafi chega depois do anúncio da completa queda de Sirte, a última região que as forças fiéis ao ex-líder ainda controlavam.
O Tribunal Penal Internacional está investigando sua detenção. Os Estados Unidos e a Otan afirmam estar aguardando informações sobre o destino do ex-tirano.
Leia no Blog de Nova York, por Caio Blinder:
O fim de Kadafi é espetacular e ao mesmo tempo anticlimático. Quanto mais demorasse, mais complicado o esforço de uma transição para alguma coisa na Líbia. Vamos por ora, neste minuto, saudar o fim de um carrasco.
Para alguma coisa a primavera árabe serviu. Muitas esperanças estão murchando. Sabemos dos perigos óbvios, que coisa ruim pode ser substituída por coisa ruim ou até pior.
Mas no “big picture” até que a Líbia tem chances: tem petróleo e tem menos problemas étnicos e religiosos que outros países da região. Tem também o apoio ocidental. *Postado por Blog da Resistência Democrática no Resistência Democrática