Texto teve apoio de 14 dos 15 membros do Conselho de Segurança, mas foi barrado pelo veto norte-americano
SBT News

O texto, co-patrocinado por Argélia, Dinamarca, Grécia, Guiana, Paquistão, Panamá, Coreia do Sul, Serra Leoa, Eslovênia e Somália recebeu 14 votos favoráveis, com os EUA sendo o único voto contrário.
Como um dos cinco membros permanentes do Conselho, os Estados Unidos têm poder de veto, ou seja, um voto negativo é suficiente para impedir a aprovação de qualquer resolução.
Se aprovado, o projeto teria determinado “um cessar-fogo imediato, incondicional e permanente em Gaza”, com cumprimento exigido de todas as partes envolvidas. Além disso, o texto reafirmava o apelo anterior do Conselho pela “libertação imediata, digna e incondicional de todos os reféns mantidos pelo Hamas e outros grupos”.
A proposta também manifestava profunda preocupação com a “catastrófica situação humanitária” em Gaza, após meses de bloqueio quase total à ajuda israelense, incluindo o risco de fome, como apontado por avaliações internacionais recentes sobre segurança alimentar.
Além disso, o projeto reiterava a obrigação de todas as partes de respeitarem o direito internacional, incluindo o direito humanitário e o direito internacional dos direitos humanos.
Retomada do fluxo de ajuda
O texto também exigia a “suspensão imediata e incondicional de todas as restrições” à entrada e distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, pedindo acesso seguro e irrestrito para a ONU e seus parceiros em todo o enclave.
O projeto ainda apelava pela restauração de serviços essenciais, respeitando os princípios humanitários e resoluções anteriores do Conselho.
Projeto inaceitável, diz EUA
Antes da votação, a representante interina dos EUA, Dorothy Shea, classificou o projeto de “inaceitável”.
“A oposição dos EUA a esta resolução não deveria ser surpresa – ela é inaceitável pelo que diz, é inaceitável pelo que não diz e é inaceitável pela forma como foi apresentada”, declarou.
Segundo Shea, os Estados Unidos não apoiarão nenhuma medida que não condene o Hamas e que não exija seu desarmamento e retirada de Gaza. Ela afirmou ainda que o Hamas recusou diversas propostas de cessar-fogo, incluindo uma recente que permitiria o fim do conflito e a libertação dos reféns restantes.
“Não podemos permitir que o Conselho de Segurança recompense a intransigência do Hamas”, disse. “O Hamas e outros terroristas não podem ter futuro em Gaza. Como disse o secretário Marco Rubio: ‘Se uma brasa sobreviver, ela reacenderá o fogo’.”
A rejeição da resolução acontece em meio ao agravamento da crise humanitária em Gaza. Agências da ONU alertam para o colapso dos serviços de saúde, aumento do número de deslocados e crescimento nas mortes, enquanto o novo sistema de distribuição de ajuda, liderado por EUA e Israel, desconsidera estruturas humanitárias já existentes.
“O mundo está assistindo, dia após dia, a cenas horríveis de palestinos sendo baleados, feridos ou mortos em Gaza simplesmente enquanto tentam comer”, afirmou o chefe humanitário da ONU, Tom Fletcher, nesta quarta-feira (4).
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