Marcelo Camargo / Agência Brasil

Ao olhar o mapa brasileiro acima, o Nordeste chama a atenção. A vermelhidão que toma conta da região provoca o alerta. Os tons são de rosa e um vermelho mais claro por quase toda a região e o vermelho mais forte ganha uma pincelada em Pernambuco e uma grande marca na parte da Bahia que se aproxima da divisa com esse estado, Alagoas e Sergipe.
Trata-se do Raso da Catarina, que faz parte da Caatinga e recebe desde 2023 a identificação de primeira região árida do país, com clima semelhante ao de desertos. Por lá, o vermelho forte significa o registro de maior anomalia climática. Ou seja, a região registrou temperaturas de cinco graus acima da média histórica para o período entre o final de março e o início de abril de 2025.
Os números ultrapassam os 37ºC enquanto, no mesmo período do ano de 2024, a temperatura ficou nos 34ºC e o considerado normal seria 33ºC. No restante da Bahia, a situação não é muito diferente como aponta o estudo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal): excesso de calor durante todo o período, com temperaturas na casa dos 34ºC, enquanto a média histórica é de menos de 32ºC.
“A cada ano, está ficando mais quente. O excesso de calor tem estado presente em todos os estados do Nordeste brasileiro e trazido impactos, principalmente, no centro-norte da região”, coloca Humberto Barbosa, professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite (Lapis), responsável pelo estudo de temperaturas que vem sendo feito desde dezembro de 2024.
Durante estes últimos meses, a Bahia aparece entre os 10 estados brasileiros mais atingidos pelas altas temperaturas. Em fevereiro, ocupou a sexta posição, com 52 dias de temperaturas de dois graus acima da média. Em primeiro lugar, estava Alagoas, com 59 dias. A conclusão foi de que 60% da população de todo o país estava sob influência de calor extremo.
Os levantamentos são baseados em dados meteorológicos disponibilizados pelo Centro Europeu de Previsões Meteorológicas a Médio Prazo e abrem caminhos para um cenário preocupante. Desde fevereiro, uma massa de ar seco atinge grande parte do Nordeste, inibindo sistemas geradores de chuva. A previsão, até mesmo para o litoral leste, é de um mês de abril de menos chuvas do que o normal.

Tabela mostra quantidade de dias que cada estado registrou temperaturas ao menos dois graus acima do normal e quantidade de pessoas afetadas Crédito: Reprodução/Lapis
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