Por Marianna Holanda e Renato Machado | Folhapress
Foto: Marcelo Camargo / EBC
O presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Isaac Sidney, disse nesta quarta-feira (16) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assim como os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), têm "firme compromisso" com equilíbrio fiscal.
O executivo afirmou também que é preciso dissipar ruídos, e que o governo passa por uma conjuntura econômica favorável. Para ele, isso deveria levar a mudanças estruturais, sem dizer de que forma.
A declaração foi feita ao lado dos ministros Haddad e Padilha, no Palácio do Planalto, após reunião de quase duas horas com o presidente.
O encontro foi solicitado pelos próprios banqueiros. Lula já havia recebido um ou outro, mas esta foi a primeira agenda com os dirigentes das principais instituições financeiras do país.
"Percebemos por parte do presidente, do ministro Haddad e do ministro Padilha, que é um firme compromisso do governo em avançar na busca efetiva do equilíbrio fiscal, para que as despesas possam não só caber dentro do Orçamento, mas para que possam se equilibrar, para que nós possamos ter uma trajetória de equilíbrio das despesas", disse Sidney.
"Nós acreditamos que esse é o momento de aproveitar essa janela, que o Brasil está crescendo, com a inflação controlada, para que a gente possa, do ponto de vista estrutural, atacar alguns problemas importantes", afirmou.
O presidente da Febraban disse ainda ter falado a Lula que é fundamental dissipar ruídos e incertezas.
Antes da reunião, o presidente participou de evento no Planalto sobre o Dia Mundial da Alimentação. Ele voltou a defender gastos com saúde e educação, em seu discurso.
O chefe do Executivo disse que é preciso saber para quem governar e mencionou que, dos 213 milhões de brasileiros, 81 milhões ganham no máximo três salários mínimos.
O encontro com os banqueiros ocorre no momento em que a equipe econômica, a dois meses e meio do fim do ano, busca formas de reestruturar as despesas para impedir que elas inviabilizem o arcabouço fiscal.
À Folha de S.Paulo, o ministro Fernando Haddad disse que é "premente" e está "na ordem do dia" alterar a dinâmica dos gastos do governo e o impacto deles na dívida pública -que só cresce.
É tão urgente resolver o problema que a reestruturação das despesas deve ocorrer antes mesmo da reforma tributária sobre a renda, até então prevista para ser enviada ao Congresso até o fim do ano, disse.
Haddad afirmou ainda que Lula "conhece o contexto e está atento", e que é possível resolver essa questão prioritária sem transformar o Brasil na Argentina, em que a taxa de pobreza disparou para 52,9% depois do ajuste fiscal promovido pelo presidente Javier Milei.
O governo prepara medidas de contenção de gastos obrigatórios para apresentar ao Congresso após a realização do segundo turno das eleições, em 27 de outubro.
Um primeiro pacote buscará tratar pontualmente de gastos específicos, iniciativa que deve ser acompanhada de um segundo eixo com propostas mais estruturais e "mais duras", acrescentou, sem dar detalhes.
Uma das medidas em estudo na Fazenda para cortar despesas é limitar os supersalários no setor público e mudanças no desenho do seguro-desemprego.
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