Foto: Reprodução
A Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) concluiu que Matheus Passarelli Simões Vieira, a Matheusa, foi assassinada por traficantes do Morro do Dezoito, em Água Santa, na Zona Norte do Rio, ao tentar tirar a arma de um criminoso quando foi levada para o ‘‘tribunal do tráfico’’ na favela. A estudante foi capturada pelos criminosos após entrar na comunidade nua e desorientada em 29 de abril de 2018. A investigação foi finalizada e enviada à Justiça no fim do ano passado. Até hoje, o corpo não foi encontrado. Dois traficantes acusados do crime foram identificados e tiveram a prisão decretada pela juíza Viviane Ramos de Faria, da 1ª Vara Criminal. Genilson Madson Dias Pereira, o GG, e Messias Gomes Teixeira, o Feio, chefe do tráfico no Dezoito, respondem por homicídio doloso e ocultação de cadáver. De acordo com a delegada Elen Souto, responsável pela investigação, Matheusa foi morta com um tiro de fuzil e, em seguida, teve o corpo esquartejado e incinerado. “Matheusa foi capturada pelos traficantes e levada até uma área no alto do morro. Estava desorientada e tentou convencer um traficante a largar a arma. Quando encostou na arma, levou um tiro de fuzil. Conseguimos identificar dois traficantes que estavam no local e ordenaram que o corpo fosse incinerado. As investigações continuam para identificar o responsável pelo tiro”, explica a delegada. Matheusa se identificava como não-binária — termo usado por pessoas cuja identidade de gênero não é nem masculina nem feminina — e cursava Artes Visuais na Uerj. De acordo com o relatório final do inquérito, na madrugada em que desapareceu, Matheusa havia ido a uma festa na Rua Cruz e Souza, no Encantado, para fazer uma tatuagem na aniversariante. Na época, segundo depoimentos de amigos à polícia, a estudante passava por dificuldades financeiras e precisava do dinheiro que ganharia pela tatuagem. Durante a festa, no entanto, a amiga desistiu de ser tatuada, o que decepcionou Matheusa, que passou a “demonstrar intenso descontrole emocional”, segundo o relatório. “Matheusa começou a falar coisas desconexas, falas confusas”, contou uma amiga em depoimento. Logo depois, quando foi levada pela aniversariante à porta da casa para ir embora, a abraçou e saiu correndo em direção à rua, deixando sua bolsa e seu celular.
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