Eleito deputado estadual mais votado do Rio de Janeiro com o apoio do clã Bolsonaro, Rodrigo Amorim (PSL) disse que a Aldeia Maracanã, que fica na Zona Norte da capital fluminense, é um “lixo urbano” e que é necessária uma “faxina” para “restaurar a ordem” no local. A Aldeia Maracanã é um terreno de 14,3 mil metros quadrados, que abrange o prédio onde até 1977 funcionou o Museu do Índio.
“Aquele lixo urbano chamado Aldeia Maracanã é um absurdo. E e logo em um dos trechos mais importantes sob o ponto de vista logístico, numa área que liga a Zona Norte à Zona Sul, bem do lado do Maracanã. O espaço poderia servir como estacionamento, shopping, área de lazer ou equipamento acessório do próprio estádio do Maracanã. Como carioca, me causa indignação ver aquilo do jeito que está hoje. Quem gosta de índio, que vá para a Bolívia, que, além de ser comunista, ainda é presidida por um índio”, disse o deputado ao jornal “O Globo”.
Amorim, que nas últimas eleições ficou marcado por rasgar uma placa em homenagem à deputada Marielle Franco, que foi brutalmente assassinada, disse ainda que a Aldeia Maracanã oferece risco a moradores e turistas.
“A Aldeia Maracanã é um terreno baldio, cheio de mato e lixo. Lugar de refúgio que tem imigrantes sem relação com índio algum. Tem ali uma oca para travestir o lugar e fazer alguma ilação, mas a verdade é que virou uma cracolândia, um ponto de consumo de drogas para delinquentes e marginais”, acrescentou.
As falas de Amorim foram criticadas pelo também deputado estadual Flávio Serafini, do PSOL. “O objetivo de derrubar a Aldeia Maracanã é o mesmo de quem quer acabar com as reservas indígenas. É fazer com que a gente reviva um processo de colonização e de extermínio do povo indígena. É lamentável que, nos dias de hoje, estejamos revivendo discursos que busquem exterminar a cultura indígena”, afirmou, também ao “O Globo”.
Serafini ainda pediu respeito com a questão indígena.
“A Aldeia Maracanã é um reflexo de como a questão indígena é mal resolvida e secundarizada no Brasil e no Rio de Janeiro. Há de se buscar a construção de um espaço onde as tradições indígenas sejam respeitadas e valorizadas. Querer destruir isso é querer destruir a cultura indígena como um todo”, finalizou.
Segundo Korubo, um indígena que vive na protegida Aldeia Maracanã, há aproximadamente 25 famílias vivendo por lá. “São cerca de 25 famílias indígenas vivendo aqui, mas hoje está meio vazio porque a maioria viaja nessa época do ano”, afirmou ao jornal carioca. Por fim, o governador Wilson Witzel disse que vai analisar o caso para então tomar uma decisão acerca do futuro da Aldeia Maracanã.
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