Dois em cada dez pediatras no Brasil têm sido submetidos frequentemente a atos de violência em seu ambiente de trabalho. O dado é resultado de pesquisa elaborada pelo Instituto Datafolha, sob encomenda da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), apresentado nesta quarta-feira (11). Em estruturas da rede pública de saúde, a incidência de tais casos aproxima-se de 30%, atingindo 26% do universo de médicos dessa especialidade. Em hospitais e consultórios privados, o indicador é de 12%. Outra revelação do levantamento é que 53% dos profissionais dividem o tempo entre expedientes das duas esferas. Para a presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva, a lastimável situação é uma realidade que não fica restrita somente aos pediatras brasileiros, constituindo-se na vida da maioria dos médicos. Para que esse quadro seja desenredado, ela diz que os órgãos representativos da categoria precisam se mobilizar. "Nós vemos que a sociedade se encontra em um momento delicado, porque a violência começa a fazer parte de nossos dias. A situação de trabalho também é muito estressante para os médicos e, além disso, há um volume muito grande de pacientes. Há vários fatores na determinação dessa violência", afirmou à Agência Brasil. A médica destaca que as mulheres pediatras estão, "como sempre", mais vulneráveis. Os números corroboram a opinião de Luciana, já que, enquanto 17% dos pediatras consultados declaram enfrentar agressões, 24% das profissionais mulheres sofrem com isso. Quando consideradas ocorrências dos últimos 12 meses anteriores à entrevista, a percentagem de mulheres atacadas sobe para 26%. Além disso, o nível de estresse ocasionado pelas condições de trabalho é o maior registrado entre as médicas nos últimos cinco anos: 66%. BN
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