Foto: José Cruz / Agência Brasil
O movimento de autopreservação presente em votações importantes no Congresso, como no caso de Aécio Neves nesta terça-feira (17) - quando o senador teve seu mandato devolvido por seus pares (veja aqui) - tem uma explicação. Na avaliação do juiz Sergio Moro, faltam pessoas capazes de encabeçar e levar à prática o discurso de combate à corrupção. "Faltam lideranças políticas que sobressaiam com um discurso favorável a esse trabalho de investigação e especialmente com discurso reformista. Fulcrar o enfrentamento da corrupção unicamente no trabalho da polícia, do MP[Ministério Público] e da Justiça não é suficiente", avaliou Moro. Segundo o juiz, esses crimes são difíceis de serem descobertos e, quando descobertos, são difíceis de serem provados. Há vezes que ainda que se descubram e provem esses crimes, nem sempre encontram resposta adequada no sistema de Justiça. "O importante é que nós tivéssemos lideranças políticas preocupadas com reformas que aumentassem a eficiência do sistema de Justiça e, por outro lado, diminuíssem incentivos e oportunidades de casos de corrupção. E, sinceramente, com todo respeito, o que se vê nesse campo é uma omissão muito grande", observou o juiz. No caso desta terça, 44 senadores votaram pela suspensão das restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal a Aécio, depois de ele ter sido gravado pedindo dinheiro a Joesley Batista e ameaçado o primo de morte. Além disso, o mesmo primo de Aécio foi flagrado recebendo dinheiro. As declarações de Moro foram dadas em entrevista ao Blog do Camarotti, no G1, ocasião na qual o juiz falou sobre situações polêmicas em que esteve envolvido. Uma delas é a perseguição que a defesa do ex-presidente Lula alega sofrer do juiz e reclamações dos acusados e suas defesas de que não tem sido assegurado o direito de produção de provas. "O juiz tem uma responsabilidade de supervisionar a produção de provas das partes. E a lei estabelece que o juiz pode eventualmente indeferir provas que sejam requeridas pelas partes quando entender que elas não sejam necessárias para o processo. Isso é algo que acontece em qualquer vara, é muito comum", disse Moro. BN
Nenhum comentário:
Postar um comentário