Nesta última quinta-feira (20) o Supremo Tribunal da Rússia decidiu a favor do Kremlin em uma proposta apresentada no início do ano que visava proibir legalmente a atividade de cerca de 175 mil testemunhas de Jeová do país.
As alegações, de acordo com o The Washington Post, eram de que a religião cristã pacifista possuía opiniões “extremistas” e, portanto, poderia ser uma “ameaça” para a “ordem e segurança pública”. Ao que tudo indica, o Tribunal pareceu concordar com o argumento e, como tal, considerou que qualquer pessoa que não honrasse sua decisão – que concedeu ao Estado o poder de fechar qualquer igreja relacionada a crença e interromper qualquer manifestação desse tipo de fé – enfrentará multas altíssimas e um máximo de 10 anos de prisão.
Ativistas de direitos humanos e funcionários do governo europeu rapidamente denunciaram a decisão do tribunal. “As testemunhas de Jeová, como todos os outros grupos religiosos, devem poder gozar pacificamente da liberdade de reunião sem interferência, garantida pela constituição da Federação Russa, bem como pelos compromissos internacionais da Rússia e pelas normas internacionais de direitos humanos”, disse o Serviço Europeu de Ação Externa em um comunicado.
Em Nova York, a Human Rights Watch considerou a decisão russa como um “terrível golpe contra a liberdade de religião e associação”. Embora a resolução de proibição seja recente, o tratamento controverso do Estado russo em relação às testemunhas de Jeová não é. Como a seita prega o pacifismo e abstenção ao voto, nunca foi bem vista pelo Governo.
“O tratamento das testemunhas de Jeová reflete a tendência do governo russo de considerar todas as atividades religiosas independentes como uma ameaça ao seu controle e estabilidade política do país”, disse a Comissão dos Estados Unidos para a Liberdade Religiosa Internacional, que monitora a expressão religiosa em nível global, em um comunicado. “Esta abordagem remonta ao período soviético e impacta outros grupos religiosos, incluindo cristãos pacíficos e muçulmanos”, acrescentou.
A decisão do tribunal vem um ano depois de uma parecer semelhante que entrou em vigor impondo restrições a grupos religiosos minoritários, incluindo os mórmons e pentecostais. Segundo informações da Radio Free Europe, a Igreja Ortodoxa Russa – a maior denominação religiosa do país – apoiou a decisão, que oficialmente foi destinada a combater o extremismo religioso e terrorismo.
Contudo, ao que parece, a testemunhas de Jeová estão preparadas para lutar contra a posição do Estado. “Nós apelaremos desta decisão e esperamos que nossos direitos legais e proteções como um grupo religioso pacífico sejam restaurados o mais cedo possível”, disse Yaroslav Sivulsky, porta-voz do grupo na Rússia. [ The Washington Post ] [ Fotos: Reprodução / The Washington Post ]
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