Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Mal de Parkinson atinge cerca de 1% da população mundial, acima dos 65 anos. Por isso, já é a segunda doença neurodegenerativa mais frequente em todo o globo. “Só no Brasil, cerca de 400 mil pessoas são portadoras de Parkinson. Porém, embora tais números sejam preocupantes, informações sobre o problema em si e os métodos de tratamento disponíveis ainda são pouco conhecidos no país”, afirma o neurocirurgião coordenador do HCor Neurociência do Hospital do Coração, Dr. Antônio De Salles. Em prol do Dia Mundial de Combate ao Mal de Parkinson, nesta terça-feira, dia 11 de abril, o médico explica que, apesar de ser degenerativo e de não ter cura, o Mal Parkinson possui alternativas de tratamento capazes de auxiliar os portadores da doença a retomar o controle de seus movimentos. Entre elas está o implante do chamado marca-passo cerebral. “Esta técnica é inovadora e tem obtido sucesso em conter o avanço dos sintomas da doença e proporcionar melhor qualidade de vida aos pacientes que chegam a obter uma melhora de até 90% após a cirurgia, dependendo de seu estado de saúde”, revela o Dr. De Salles, responsável pela aplicação da técnica dentro do HCor. De acordo com o neurocirurgião, o equipamento utilizado neste tipo de procedimento é muito semelhante ao marca-passo cardíaco. Trata-se de um aparelho pequeno que funciona com impulsos elétricos localizados. “Ele age sob as áreas do cérebro afetadas pela doença de Parkinson com o objetivo de regredir de cinco a dez anos o avanço dos sintomas”, explica. “Novos estudos mostram que, se o paciente começa a ser debilitado pela doença, apresentando dificuldade no trabalho ou no convívio familiar, o marca-passo deve ser aplicado o mais rapidamente possível. Ou seja, no máximo, de cinco a dez anos após o diagnóstico”, alerta o médico. Para implantar o marca-passo, o paciente é submetido a uma cirurgia. Eletrodos são colocados no cérebro e ligados ao marca-passo, que fica sob a pele na altura da clavícula. Eles são ligados por um fio, chamado de extensão, também sob a pele. Esse conjunto irá realizar a chamada estimulação elétrica profunda cerebral, que irá interferir nos sinais que causam os sintomas motores do Mal de Parkinson. “Com a melhora dos sintomas, o paciente pode diminuir e às vezes voltar a não usar medicações e, assim, ficar livre dos efeitos colaterais das drogas, que chegam a incluir delírio e alucinações”, revela a Dra. Alessandra Gorgulho, coordenadora clínico científico do HCor Neurociência. A utilização de marca-passo cerebral para Mal de Parkinson é um tratamento aceito mundialmente e também no Brasil pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Pacientes que têm a oportunidade de contar com este tipo de terapia passam a necessitar, cada vez menos, das medicações anti-parkinsonianas de que costumavam fazer uso. Como resultado, permanecem no trabalho por pelo menos 10 anos a mais e conseguem uma vida normal apesar da doença. “Atualmente, o uso do marca-passo cerebral não só começa a ser uma realidade, mas também tende a crescer. Isso porque, além de trazer economia para os sistemas de saúde por diminuir a necessidade de medicamentos, garante independência ao paciente em relação a cuidados hospitalares ou à supervisão de enfermeiros e cuidadores domésticos, por exemplo”, afirma o neurocirurgião que ainda atua como professor emérito de Neurocirurgia na Universidade da Califórnia (UCLA). Vários foram os avanços no uso do marca-passo cerebral para doença de Parkinson, ao longo dos últimos anos em todo o mundo. No HCor, riscos do implante diminuíram imensamente em função das avançadas técnicas de imagem disponíveis na sala de cirurgia híbrida do hospital que inclui ressonância magnética, cuja aplicação permite perfeita visualização dos vasos sanguíneos cerebrais e da localização no cérebro, onde o eletrodo deve ser implantado. “Graças à moderna estrutura que temos no hospital, até mesmo sangramentos, durante da cirurgia, por exemplo, são virtualmente inexistentes. Quanto aos resultados pós-operatórios, a melhora obtida pelos pacientes atendidos no HCor chega a ser de até 90%”, conclui o Dr. De Salles, realizador do primeiro implante de marca-passo cerebral para Mal de Parkinson no Oeste dos Estados Unidos, no Hospital Ronald Reagan da Universidade da California, em Los Angeles (UCLA), e responsável por mais de 500 procedimentos deste tipo dentro da mesma instituição, desde 1996.
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