Nigel Lang está desempregado, sofre de estresse pós-traumático e teve toda a vida arruinada após ser preso por suspeita de divulgar fotos obscenas de crianças. O motivo? Um erro de digitação da polícia, que chegou até ele com um número de IP alterado.
Na época em que foi preso, em 2011, o britânico trabalhava com recuperação de jovens dependentes de drogas e tinha 44 anos. Em entrevista à BBC, ele conta que ficou paranóico e, mesmo depois de ser inocentado, sofre com os reflexos da confusão.
“Quando fui preso, eu temia o que aconteceria comigo”, disse Lang. Os policiais de South Yorkshire chegaram ao britânico após serem informados por oficiais de outro condado – Hertfordshire – de que um determinado IP compartilhou mais de 100 fotos de crianças.
Os policiais chegaram, então, ao computador de mulher de Nigel, mas o número de IP informado tinha um algarismo a mais do que o que deveria ser averiguado. Eles bateram na casa da família e prenderam o homem, pai de um filho, que na época tinha 2 anos.
O homem passou quatro horas preso e, depois, ficou algumas semanas na casa de sua mãe. “Eu repetia, ‘eles não vão encontrar nada, e eu não fiz nada, então ficará tudo bem”, contou à BBC.
Somente após três semanas ele foi declarado inocente. O computador de sua mulher foi devolvido sem que houvesse qualquer suspeita das fotos. O caso, porém, trouxe problemas psicológicos ao homem.
“Por causa do que aconteceu, eu não consegui voltar à minha área de atuação. (…) Foi o melhor trabalho que tive na vida, e achava que era muito bom naquilo. Mas fiquei com medo de trabalhar com mulheres jovens e de que elas dissessem que eu teria cometido algum abuso sexual. Fiquei paranoico”, conta.
Lang não sabia sequer por que os policiais chegaram à sua casa, mas tinha de descobrir para conseguir superar esse tenebroso acontecimento. Depois de onze meses de ter sido preso e solto, ele registrou uma queixa contra a polícia por racismo e sexismo.
Durante a investigação da queixa, ele descobriu o envolvimento da polícia do outro condado, Hertfordshire. Pouco tempo depois, a queixa foi retirada, mas ele ainda buscava a resposta.
O homem questionou exatamente se alguma informação errada foi transmitida entre os policiais dos dois condados, mas a corporação afirmou que isso não poderia ser respondido porque tinha sido há muitos meses.
O advogado do homem foi direto à polícia de Hertfordshire e descobriu o erro no IP. Lang recebeu por escrito em 2014 um pedido de desculpas da polícia, que enfim admitiu a responsabilidade no caso.
“Eu tive que pagar um advogado para descobrir o erro, enquanto que a polícia já poderia ter resolvido o caso. Isto é que machuca”, disse Lang.
Mas Lang não se contentou e entrou com um processo por danos contra o Estado.
Em outubro de 2016, um acordo com a polícia de Hertfordshire garantiu-lhe R$ 236 mil, além dos custos legais.
“Não é o suficiente (…) mas depois de seis anos de luta, você fica cansado. Eu ainda não recebi nem dois anos de salários. Desde então, eu não trabalhei”, disse.
Danos psicológicos
Apesar do pedido desculpas e da verba, a vida de Lang nunca mais foi a mesma.
“Eu não cheguei a me defender publicamente do ocorrido, então eu preciso que o mundo saiba que não sou um pedófilo. Eu era um trabalhador comum que teve seus benefícios reduzidos, e não sei o qual será meu futuro”, diz.
“Estou doente por causa disto, sofrendo de transtorno de estresse pós-traumático”.
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